//CARLOS MOTTA// Suplicy em Serra Negra: uma aula sobre como levar dignidade ao ser humano

Suplicy, na Vila Poesia: Serra Negra deve lutar pela renda básica de cidadania


(...) E quantos anos algumas pessoas podem existir

Antes que elas possam ser livres? (...)

A resposta, meu amigo, está soprando no vento

A resposta está soprando no vento


Esses versos, traduzidos, fazem parte de "Blowin' in the Wind", a canção de Bob Dylan que se tornou um "hino" do ex-senador e atual deputado estadual Eduardo Suplicy. Foi com essa música que ele, ajudado por um coro emocionado de dezenas de pessoas, concluiu sua explanação sobre a renda básica de cidadania, sábado, 27 de abril, na Vila Poesia. 

Parece um paradoxo: afinal, a renda básica de cidadania, obsessão perseguida por Suplicy há muitos anos, deveria falar mais às mentes do que aos corações. Tem sido, mundo afora, tema de discussão de economistas laureados. Mas para Suplicy, a renda básica é muito mais que uma questão de verbas, fundos financeiros, equações matemáticas e que tais. É uma questão de levar dignidade ao ser humano. E liberdade, como frisou na palestra de cerca de uma hora com que brindou o público que foi à Vila Poesia conhecer os pré-candidatos do PT serrano à Prefeitura e Câmara Municipal.

Na sua fala, Suplicy fez um apelo ao pré-candidato a prefeito pelo PT, Marcos Mieli, o Prancha, e aos pré-candidatos ao Legislativo presentes no evento, Bene Zanona, Lucas Patrício, Pici Dallari e Salete Silva: lutem, se forem eleitos, para que Serra Negra, a exemplo de várias cidades brasileiras e do mundo, adote a renda básica de cidadania como política de Estado.

A renda básica de cidadania já foi sancionada pela Presidência da República e aguarda há anos sua regulamentação. Ela prevê que  todo brasileiro ou estrangeiro residente no país há pelo menos cinco anos receba um benefício monetário, não importando sua situação socioeconômica.

Suplicy tem esperança de que a regulamentação finalmente saia e a renda básica de cidadania seja introduzida no país gradativamente. Segundo disse, o instrumento tem transformado positivamente as localidades onde foi adotado, citando como exemplo o Estado americano do Alasca, que há anos distribui igualmente para seus moradores uma quantia em dólares. 

Outro pedido feito pelo ex-senador aos pré-candidatos petistas foi para que Serra Negra preste uma homenagem, dando o nome de uma rua, avenida ou escola, a um de seus mais notáveis filhos, o professor, advogado e jurista Dalmo de Abreu Dallari, falecido em 8 de abril de 2022. Suplicy lembrou do funcionamento na cidade da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo Dallari e afirmou que o professor Dallari teve uma grande influência em sua formação humanista.

Continua depois das fotos






Suplicy ficou por mais de duas horas na Vila Poesia. Nesse tempo, além de sua aula sobre a renda básica de cidadania, foi requisitado para tirar dezenas de fotos por um público eclético, numa demonstração, além da grande popularidade, de um carisma raramente notado nos políticos brasileiros. 

No fim da festa, convidou o pré-candidato petista à prefeitura, Marcos Mieli, o Prancha, a cantar com ele a canção que Bob Dylan escreveu em 1962 e lançou em seu segundo disco, em 1963, "Blowin' in the Wind". Seu refrão "the answer, my friend, is blowin' in the wind", que literalmente quer dizer "a resposta, meu amigo, está soprando no vento", pode soar ambíguo para muitos. 

Para o público que cantou com a dupla, porém, os versos tiveram apenas um significado, o de que o fim daquele evento poderá ser o início de algo muito bom para Serra Negra.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra



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