//MARCELO DE SOUZA// As áreas de risco de Serra Negra ainda são um risco?



No material que faz parte do Plano Diretor, que foi proposto pela prefeitura e aprovado por unanimidade pelos vereadores serranos, estão indicadas diversas áreas sujeitas a risco de inundação ou risco de movimentos gravitacionais (deslizamentos, escorregamentos, queda de blocos, rolamento de blocos etc).

No anexo II do Plano Diretor o mapa “Sistema Municipal de Áreas Verdes Urbanas” mostra mais de dez áreas com risco de deslizamento espalhadas pela cidade (na Nova Serra Negra, Parque Suíça, Colina dos Ipês, Alto das Palmeiras, Vila Dirce, Palmeiras, Morro do Fonseca, Residencial Serra Negra, Vila Áurea, Parque Fonte São Luís, foto acima).

Vereadores estão atentos?

Entre 2021 e 2022, talvez pela forte restrição à participação popular, tal tema parece não ter sido pautado quando da elaboração da revisão do plano.

Também foi esquecido nas audiências públicas realizadas na Câmara Municipal, talvez em função do tempo extremamente limitado para o verdadeiro e saudável debate público e pela forma quase ditatorial de como as audiências foram conduzidas.

Perguntar não ofende

Questionamento foi enviado para o e-SIC da Câmara Municipal em 05/12/2023. “Rapidamente”, após apenas 17 dias, veio a resposta da Câmara Municipal informando que os questionamentos deveriam ser encaminhados para a Secretaria Municipal de Obras, Secretaria do Meio Ambiente e para a Defesa Civil. O Legislativo parece ter lavado as mãos mais uma vez.

Questionado através do eOuve, os setores competentes da prefeitura não souberam informar até o momento:

1. Se essas áreas foram ou estão sendo monitoradas desde 2014 quando foram identificadas;

2. Quais foram as medidas (projetos e obras) colocadas em prática para eliminar o risco de deslizamentos nessas 11 áreas identificadas; 

3. Ou se ainda existe risco de deslizamentos e;

4. Se não é urgente atualizar o mapeamento de áreas de risco na cidade, tanto na área urbana, como na rural.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente rapidamente respondeu, se limitando a transferir os questionamentos para o responsável da Defesa Civil no município. 

Secretaria de Infraestrutura não se manifestou.

Em 27/12/2023 a Defesa Civil se limitou, num único parágrafo manuscrito, a informar ao secretário municipal do Meio Ambiente que: “Não há pessoal com avaliação (sic) técnica para responder tais questionamentos.”

E agora José?

Passados dez anos do mapeamento do IPT indicado no Plano Diretor, é provável que a situação tenha se alterado, para melhor ou para pior.

Por este motivo, parece urgente atenção e posicionamento da prefeitura, dos secretários, dos vereadores e da Defesa Civil.

Além das áreas indicadas no mapeamento de 2014, podem existir novas áreas que também mereçam atenção.

Como exemplo, o talude que possivelmente sofreu com a deficiência do sistema de drenagem, na altura do número 499 da estrada municipal das Tabaranas.

Outro exemplo são os recalques (afundamento) do pavimento na Rua Dr. Paulo Pimentel Mangeon imediatamente à montante do reservatório de retenção de águas pluviais (lago seco) construído pela prefeitura em 2021 numas das belas drenagens naturais da cidade. Tal drenagem pouco a pouco foi espremida e pouco mais à jusante, já foi entubada, morta e enterrada.



Outros riscos: traumatizantes e eletrizantes

No passado recente outro problema que oferecia risco às pessoas e aos veículos que passavam frequentemente pela altura do número 1.000 da Rua Norberto Quaglio (Belvedere do Lago) era a queda de galhos de grande porte sobre a rua.

Nesse trecho haviam eucaliptos de cerca de 20 a 30 metros de altura, ou mais altos, cujos galhos de bitola decimétrica quebravam e caíam frequentemente sobre a rua, sobre a rede elétrica e com real risco a acertar um pedestre ou um automóvel.



Apesar da geometria inadequada e ultrapassada da via e a inexistência de qualquer preocupação com o pavimento e a drenagem, essa rua apresenta tráfego significativo devido aos empreendimentos locais que surgiam nos últimos anos (hotel, roseirais, Parque das Flores). Muitos trabalhadores passam diariamente nesse trecho.

Os empreendimentos surgiram e cresceram vertiginosamente na última década e nada foi feito para mitigar o impacto na vizinhança ou a segurança na via.

Como sempre, parece que uns ganham e outros perdem.

A queda dos galhos era um pequeno problema que oferecia enorme risco para quem estivesse passando naquele local.

Em pelo menos três oportunidades, fevereiro de 2021 e duas ocorrências em agosto de 2022, galhos despencaram e a fiação foi rompida e fios energizados ficaram saltitando no meio da rua, soltando faíscas e expondo transeuntes distraídos ou desavisados também ao risco de eletrocussão.



Em 08/03/2021 após o rompimento da fiação devido à queda de galhos desses eucaliptos, o eOuve respondeu à questionamento de 15/02/2021 informando que o galho já havia sido retirado e que a Defesa Civil e engenharia (agrônomo) da prefeitura analisariam o caso e tomariam as providências.

Nunca foi fornecido um relatório dessa suposta análise do caso e não foi observado no local nenhuma providência para se eliminar ou pelo menos minimizar o risco naquele ano.

Após essa resposta de 08/03/2021 muitos outras quedas de galhos aconteceram sem grandes consequências até que, em agosto de 2022 a rede elétrica foi rompida mais duas vezes, nos dias 11 e 17 de agosto.

Quem disse que galhos não caem duas vezes no mesmo lugar?

Em Serra Negra já caíram dezenas no mesmo lugar.




Na foto acima o poste está torto devido ao puxão que a fiação sofreu quando da queda dos galhos.

E o poste continua torto até hoje. 

Se chegar aos ouvidos do prefeito, talvez aproveitem para um novo ponto turístico para replicar uma famosa torre italiana também inclinada.

Ninguém fez nada. A Defesa Civil informou por telefone que não poderia fazer nada e que nesses casos o munícipe deveria ir até a prefeitura munido da capa do IPTU e protocolar um requerimento.

Defesa? Sempre considerei que prevenir é melhor que remediar.

Em 29/09/2022, depois de muitos telefonemas, muitas mensagens, e principalmente muita paciência e muita insistência, após 591 dias após o primeiro apontamento no eOuve (15/02/2021), os enormes eucaliptos foram finalmente removidos pela CPFL eliminado o risco.

Eliminando não, minimizando, afinal sobrou pelo menos um eucalipto menor que, em 22/03/2024 perdeu um galho e, novamente rompeu a fiação elétrica.



Eouve ouve? Ouve, mas “resOuve”?

Parece que nem ouve e nem resolve. 

O Poder Público e nossos representantes precisam entender que a população pode ajudar, basta escutá-la.

“Quem tem ouvido para ouvir, ouça.”

Só que prefeitura e vereadores atuais parecem não ouvir.

Ou fingem não ouvir.

Ou só ouvem quem querem ouvir ou quem acham que convém ouvir.

No dia 23/02/2024 foi solicitado através do eOuve o material do IPT citado no Plano Diretor. Até o momento 27/03/2024, sem resposta.

Ainda bem que São Pedro anda em paz com Serra Negra e faz tempo que não registramos chuvas de intensidade elevada como já apontados em outros verões.

Para não esquecer, vale reler https://www.vivaserranegra.com/2023/02/marcelo-de-souza-prefeito-fez-as-pazes.html

Viva Serra Negra! Viva São Pedro!

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Marcelo de Souza é engenheiro civil




Comentários

  1. "O Poder Público e nossos representantes precisam entender que a população pode ajudar, basta escutá-la.
    'Quem tem ouvido para ouvir, ouça.'
    Só que prefeitura e vereadores atuais parecem não ouvir.
    Ou fingem não ouvir.
    Ou só ouvem quem querem ouvir ou quem acham que convém ouvir."

    Um resumo perfeito da atuação do Executivo e Legislativo de SN há mais de uma década!

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