Na corrida para ser candidato a presidente, ambicioso que é, o governador Tarcísio de Freitas ataca em duas frentes.
Por um lado, investe no conservadorismo retrógrado bolsonarista, contra a defesa de gênero e outras bandeiras, maltratando a educação e políticas públicas para o social. Por outro, quer se vender às classes dominantes como um gestor liberal.
É com esse viés que pretende privatizar a Sabesp, mesmo que desnecessariamente e sabendo que vai dar ruim. E insiste em projetos de qualidade duvidosa, que já estavam na gaveta de governos passados, o que Tarcísio não tem a hombridade de reconhecer.
É o caso do chamado Trem Intercidades, cujo leilão do trecho entre São Paulo e Campinas, o de maior viabilidade comercial, atraiu apenas um interessado, o consórcio formado pela chinesa CRRC e o Comporte, suspeita empresa da família Constantino, aquela da falida Gol.
Não que investir em trem seja uma má ideia. Pelo contrário, o País deveria intensificar muito o investimento em ferrovias. O problema é que o projeto é ruim. Para baratear os custos para o operador, prevê o uso de parte da malha já existente, o que vai obrigar a ter uma baldeação no limite da Grande São Paulo para quem partir do centro da cidade.
O uso da infraestrutura existente vai limitar também a velocidade do trem. Um trajeto que em qualquer país europeu seria feito em pouco mais de meia hora, aqui não há como percorrê-lo em menos de 70 a 80 minutos, sem paradas.
O problema para o governador é que a empreitada não poderá estar na vitrine do possível candidato. O projeto é tão ruim que só deverá estar concluído em 2030.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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