//FERNANDO PESCIOTTA// Escravos de app



Há pouco mais de dez anos, o mundo parecia se restringir às startups. No período áureo desse movimento, eu trabalhava numa empresa que acabara de ser comprada por um grande grupo de comunicação que visava se globalizar. Pressionava os líderes a termos ideias de startups. Chegou a fazer um concurso interno para colher boas ideias.

Essa onda fortaleceu “empresas” como iFood e Uber, entre muitas outras. Até que veio e pandemia e as transformou em gigantes da desonestidade.

O que essas empresas de tecnologia fazem é explorar a mão de obra barata e abundante no Brasil, principalmente. Daí a relevância da iniciativa do governo Lula, de buscar dar o mínimo de dignidade a esses trabalhadores e acabar com o sentimento de escravidão.

A proposta para motoristas de aplicativos enviada ao Congresso não prevê vínculo nos moldes da CLT, mas pressupõe piso salarial e carga máxima de trabalho. Além disso, as empresas terão de recolher INSS.

Há quem critique uma suposta timidez da iniciativa, mas qualquer avanço que vier será melhor do que morar na senzala.

Golpe – Na falta de uma, eram duas. No seu depoimento à PF, o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, disse que o então presidente e seu ministro da Defesa lhe apresentaram duas versões de minuta de golpe, com ordem de implementação. Miliciano, corrupto, genocida, desqualificado e golpista.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



Comentários

  1. "Há quem critique uma suposta timidez da iniciativa, mas qualquer avanço que vier será melhor do que morar na senzala."

    Surreal esse argumento.

    A data de ontem marcou uma decisão histórica em um dos debates mais significativos sobre direitos trabalhistas deste século.

    A aprovação deste PL e a decisão do STF terão implicações profundas para praticamente todas as demais profissões.

    Inclusive, a remuneração horária pelo salário mínimo será para a hora "efetivamente" trabalhada, não valendo para o período em que o motorista está à disposição da plataforma.

    Na prática, o Projeto de Lei acaba por legitimar no Brasil uma "subcategoria" de trabalhador com remuneração inferior ao salário mínimo.

    Mas o jornalista - assim como boa parte do campo """progressista""" - parece que não entendeu a importância histórica deste debate para a classe trabalhadora e prefere ficar perdendo tempo com o teatro da extrema-direita e os limites da "política do possibilismo".

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