//SALETE SILVA// Instalação de hotel-escola em Serra Negra seria benéfica para toda a região, diz especialista

Marcela Moro, diretora de Turismo de Jundiaí, deu palestra em evento organizado pelo Comtur 


A parceria da administração municipal com escolas e faculdades de Turismo poderia tornar viável o funcionamento de um hotel-escola no prédio de propriedade da prefeitura onde funcionou por décadas o Grande Hotel Serra Negra. A avaliação é da turismóloga Marcela Moro, diretora de Turismo de Jundiaí, que participou terça-feira, 19 de dezembro, de um evento organizado pelo Conselho Municipal de Turismo (Comtur) no Serra Negra Palace Hotel.

“A gestão pública é um pouco mais complicada, mas existem parcerias que podem ser feitas com o Senac [Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial] ou Fatec [Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo], que tem cursos nessa área, e o Centro Paulo Souza”, explicou Marcela ao Viva! Serra Negra. A turismóloga considera a iniciativa viável.

Marcela lembrou que o funcionamento de um hotel-escola requer uma estrutura hoteleira que pode fazer o aporte de recursos necessários. O funcionamento do hotel-escola consegue ser autossustentável. “Com o tempo, você vai costurando empreendedores que vão bancando pelo menos parte daquele custo”, acrescentou.  

Marcela: hotel-escola iria ajudar a falta
de mão de obra em Serra Negra e região


O empreendimento contribuiria para ajudar a solucionar a falta de mão de obra, que é um dos principais problemas não só do setor do turismo de Serra Negra como de todo o país. Marcela considera que a instalação de um hotel-escola na cidade beneficiaria toda a região do Circuito das Águas Paulista.

“Há problemas de formação de mão de obra turística no Brasil inteiro. Há dois hotéis-escola em São Paulo. Um em Campos do Jordão, destino muito consolidado, que forma sua própria mão de obra e que está crescendo, e em Águas de São Pedro”, citou. Os dois exemplos demonstram a importância desse tipo de estrutura na localidade como fator de fomento de desenvolvimento. “Eu entendo que seria extremamente interessante não só para Serra Negra como para o Circuito das Águas. Isso iria beneficiar a região como um todo”, afirmou.

Hotel e gastronomia

O hotel-escola possibilita a formação de profissionais para funções mais básicas da hotelaria, como também para outras áreas ligadas ao turismo com demanda crescente, como a gastronomia e o pessoal de lazer. “O empreendimento atenderia a demanda da região e de toda a cadeia produtiva do turismo dentro de uma linha mais técnica focada na estrutura de hotelaria”, explicou.

O município passaria a dispor de maior oferta de mão de obra qualificada, ampliando a possibilidade de se destacar no mercado nacional e internacional de turismo, atraindo visitantes para toda a região. O empreendimento é bom para para o hóspede, que vai usufruir de um serviço de hotelaria com qualidade e alto nível, além de contar com uma gastronomia diferenciada. “É um excelente negócio. Profissionaliza o empreendimento, mas profissionaliza a cidade. Você tem uma mão de obra que será absorvida pelo próprio mercado. Seria bem interessante”, concluiu.

Venda aprovada

Os vereadores serranos aprovaram, na segunda-feira, 18 de dezembro, por unanimidade, na última sessão da Câmara Municipal deste ano, o projeto de Lei do prefeito Elmir Chedid que prevê a venda do prédio do antigo Grande Hotel Serra Negra. A inviabilidade de qualquer outra alternativa, entre as quais a parceria com escolas, foi o principal argumento para a aprovação do projeto apresentado por todos os vereadores que se manifestaram sobre o assunto.

O prefeito Elmir Chedid se reuniu na semana passada com a maioria dos vereadores e teria convencido a todos, incluindo os da oposição, de que reverter os recursos da venda do imóvel em outras benfeitorias para o município seria mais interessante.

Ainda não se sabe o valor da venda. O imóvel pode estar avaliado em R$ 40 milhões, mas se o leilão render R$ 10 milhões ou R$ 20 milhões já estaria de bom tamanho para os cofres públicos, na opinião do vereador Cesar Borboni, o Ney. "Dá até para fazer um curso grátis de turismo para a população", afirmou. 

O Viva! Serra Negra entrevistou o vereador Roberto de Almeida e o líder do prefeito na Câmara, Beraldo Cattini, presentes no evento do Comtur do qual participou a turismóloga Marcela Moro.

Ambos se posicionaram a favor da venda do imóvel. Beraldo usou como argumento o estado adiantado de deterioração do imóvel. Almeida disse que já houve tentativas de parcerias de formação de mão de obra que não deram certo por falta de demanda e de interessados. Ele citou uma parceria com o Centro Paula Souza e com o Senai.

“Em 2015 fomos até o Centro Paula Souza para ter duas classes de turismo para a cidade. Não conseguimos formar duas turmas. Na segunda turma não tinha demanda”, justificou. “Aquilo [o imóvel do antigo Grande Hotel Serra Negra] era antro de usuário de drogas. Vi a depreciação depois da imagem dos pichadores”, disse Beraldo.

Nenhum deles soube informar se houve tentativas de parcerias por parte do prefeito Elmir Chedid e da prefeitura para transformar o prédio em um hotel-escola. “Não tenho informação se o prefeito tentou”, afirmou o líder de Chedid na Câmara.

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra



 


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