//FERNANDO PESCIOTTA// Fora da casinha



A indicação de Flávio Dino (foto) para o STF é um ponto completamente fora da casinha conservadora, o que motiva manifestações bizarras. Até aliados do governo reagiram, embora nesse círculo as críticas tenham ficado mais nos grupinhos do zap.

Para os apoiadores do miliciano, a ida de um “comunista” para o STF é uma “afronta”. Jornalistas do contra chegaram a dizer que Dino não tem “notório saber”, o que mostra que quem não tem notório saber é um jornalista que fala isso de um juiz federal.

Há, ainda, quem veja sinais de misoginia, pois se aprovado pelo Senado Dino vai substituir Rosa Weber, deixando a Corte com apenas uma mulher.

Para além do perfil e da história do indicado, análises apontam que a ida de Dino para o STF tira do caminho um potencial candidato a presidente da República e coloca no Supremo um articulador político de um governo que causa ojeriza no conservadorismo.

Outros analistas e grupos políticos se incomodam pelo fato de a indicação ter sido sustentada pelos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, num combo que inclui a indicação também do conservador Paulo Gonet para a chefia do Ministério Público. Com isso, o PT teria perdido.

Se há um perdedor nessa história, é o próprio governo, que perde um ministro da Justiça que desempenha bem seu papel. Será difícil achar um substituto com o mesmo perfil.

Talvez até sem se dar conta, o País estava acostumado à mesmice. Tudo no seu devido quadradinho, o que afronta a nossa história e nossa tradição de bagunçar tudo para dar certo.

A síntese é que a ida de Flávio Dino para o STF rompe com o tradicionalismo e será um marco histórico para o País, goste-se ou não do novo ministro, se aprovado pelo Senado. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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