//FERNANDO PESCIOTTA// Tragédia anunciada

Há pouco tempo escrevi aqui que é urgente uma ampla iniciativa de todas as instâncias de poder para evitar uma tragédia no futebol brasileiro. Infelizmente, a morte de uma jovem de apenas 23 anos mostra que eu estava certo. E o pior é que as perspectivas são de que o caos não se limitará à perda da torcedora do Palmeiras.

Gabriela Anelli morreu após ser atingida no pescoço por um caco de vidro, resto de uma garrafa atirada por um torcedor do Flamengo em briga com palmeirenses no sábado (8).

Comentaristas do setor avaliam que a culpa é da PM, que não soube fazer o isolamento do entorno do Allianz Parque e permitiu que organizadas dos dois clubes se encontrassem numa rua estreita. E Gabriela, que não tinha nada a ver com briga nenhuma, teria sido vítima desse despreparo.

Tendo a discordar, ao menos em parte. É certo que a PM não tem preparo para cuidar de torcedor de futebol. Nem para cuidar de gente nenhuma. Também infelizmente, a tropa é treinada para outras coisas, e duvido que isso mude ao menos no curto prazo.

Gabriela não morreu porque a PM é despreparada. Ela morreu também porque pessoas idiotas acham que estar em torcida organizada as autoriza a continuarem sendo idiotas. Essas pessoas não podem ir a jogo de futebol nem podem viver em sociedade. Devem ser isoladas até que aprendam a se comportar com civilidade.

É disso que se trata. Futebol não pode ser um mundo à parte. É preciso permitir que gente pacífica e interessada apenas no esporte possa frequentar estádios sem medo dos ignorantes profissionais que só fazem mal ao futebol e à sociedade em geral.

Nunca é demais repetir: se nada for feito, Gabriela terá sido apenas mais uma vítima dessa violência sem punição, e não será a última.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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