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Poucas horas antes de o projeto de arcabouço fiscal ser votado na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira, se reuniu na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e diversos empresários da elite econômica do País, incluindo André Esteves, dono do BTG Pactual.
Ali ficou acordada a aprovação da proposta praticamente do jeito que o governo queria, pois agradou a todos.
Nas demais votações no Parlamento, porém, o governo tem tomado uma surra. Na noite da quarta-feira (24), a comissão mista do Congresso aprovou o parecer da MP da mudança ministerial com esvaziamento dos Ministérios do Meio Ambiente, dos Povos Indígenas e do Desenvolvimento Agrário, e extinção da Funasa.
Ao que parece, com o aval de Lula. Os deputados do PT criticaram o esvaziamento dos ministérios, mas permitiram a rejeição em bloco das emendas por orientação do governo.
Além disso, a Câmara também afrouxa o Código Florestal e acelerou o marco temporal, que dificulta a demarcação de terras. ONGs indicam que “a boiada está passando de novo”.
A sequência de votações demonstrou falta de margem da articulação política para conter a agenda conservadora do Congresso e sua sede por mais espaço no governo.
Seja lá por qual razão, o fato é que as decisões são uma muito perigosa armadilha para o governo. Enviesar os sinais na questão ambiental pode significar secar a entrada de dinheiro no País.
Afinal, o grande trunfo de Lula no exterior tem sido a agenda ambiental, os investimentos verdes. Sem isso, lhe restará pouca coisa para se diferenciar.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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