//FERNANDO PESCIOTTA// Fake news e os inescrupulosos



Não é difícil entender as razões pelas quais apoiadores do antigo governo e igrejas evangélicas se opõem ao Projeto de Lei das Fake News. Usuários do recurso de mentir descaradamente para obter vantagens financeiras, esses perfis encontram nas redes sociais território fértil.

Parte desse grupo, porém, já sente as consequências de não ter o miliciano no poder. Há poucas semanas, correu o vídeo no qual a deputada Carla Zambelli pede dinheiro a trouxas para pagar os milhares de reais em multas e punições que recebeu por ter ofendido e mentido nas redes sociais.

Agora, o jornal O Globo revela que sem o miliciano patrocinando suas ações e penalizados pela publicação de fake news, canais atrelados à extrema-direita pedem doações, vendem assinaturas e até camisetas para tentar sobreviver. Vários foram desmonetizados pelas plataformas como o YouTube, a partir de decisão judicial, pela propagação de notícias falsas.

O Foco no Brasil, que chegou a receber mais de R$ 350 mil por mês em verba publicitária oficial e em pagamentos da plataforma, está à venda, aponta o jornal.

Esses canais enfrentam dificuldades pela perda de receita, e quanto mais se endividam e perdem espaço, mais recorrem a mentiras. Se sofrem ação judicial, o efeito é de médio e longo prazo. Até que saia uma decisão impeditiva ou punição, o estrago às vítimas estará feito. O mundo veloz precisa de medidas mais urgentes.

Pelo andar da carruagem, é provável que a votação do PL das Fake News demore mais do que se imaginava. Ou talvez nunca seja votado. Se isso acontecer, o País perde a oportunidade de servir de exemplo a um mundo que clama por um mínimo de regulação das redes sociais, hoje território pródigo para assassinos, ladrões e toda sorte de gente inescrupulosa que explora milhões de pessoas de boa-fé.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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