//FERNANDO PESCIOTTA// Sociedade doente



Em uma semana, dois ataques contra escolas, um mais bárbaro do que o outro, vitimando crianças e professoras, são a evidência de que a sociedade precisa rediscutir uma série de coisas, a começar pela onda de ódio que assola o País desde meados da década passada, com ápice nos quatro últimos anos.

Quando uma criança invade a própria escola, esfaqueia em série e passa a viver seu momento de heroísmo em segmentos das redes sociais fica claro que parte da sociedade está muito doente.

Um indivíduo que se sente com desequilíbrios psicológicos e se considera relativamente normal procura um profissional, um amigo, um conselheiro que possa lhe trazer de volta ao prumo.

Mas quando o desequilíbrio é coletivo, é preciso esforços de autoridades, não necessariamente governamentais, mas de lideranças que possam sensibilizar para o perigo que todos corremos nesse caminho de uma sociedade irremediavelmente demente.

Um primeiro passo é pressionar os gestores de redes sociais a se comportarem como gente, não como animais financeiros. É preciso conter os assassinos que incentivam seus pares a saírem pelas ruas matando gente indefesa.

O segundo passo é a regulamentação dessas redes sociais. Já passou da hora de ter algum controle sobre o que se publica sob anonimatos e diante da convicção da impunidade.

Mostrar postadores de mensagem de ódio, e até curtidores, na vitrine dos punidos pela Justiça pode encurtar o mau caminho que estamos trilhando. Mas é urgente. É preciso sepultar a pior parte, a face mais cruel da herança maldita deixada pelo bolsonarismo.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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