//CIDADE// Prefeito vai ao Bairro dos Francos. E ouve muitas queixas contra a saúde pública

Prefeito e secretários conversaram com a população do Bairro dos Francos: muitas queixas

O problema que mais aflige a população do Bairro dos Francos é a dificuldade do acesso aos serviços de saúde. Os pacientes ainda estão sem especialistas em áreas consideradas de média e alta complexidade, como neuropsicólogo. A rotatividade de médicos no posto de saúde provoca a interrupção de tratamentos e para marcar um exame laboratorial a população pode levar até meses.

Essas e outras queixas em relação aos atendimentos médicos predominaram entre as reclamações apresentadas ao prefeito Elmir Chedid e seus secretários pelos participantes da segunda ação do programa Prefeitura na Área, realizada na quinta-feira, 30 de março, na Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, no Loteamento Parque Fonte São Luiz. Os moradores pediram também emprego, instalação de lombadas, iluminação, drenagem de água para evitar enchentes e a revitalização do Parque Fonte São Luiz.

Ana Paula: "Chega outro
médico e passa outra coisa"

"A gente começa a fazer o tratamento com um médico, que pede exame. Chega lá, é outro médico, que não sabe nem o que está acontecendo", disse Ana Paula Oliveira Rodrigues. "Aí você está tomando um medicamento, chega o médico e tira e passa outra coisa", acrescentou. Há meses ela também aguarda uma consulta para o filho  com um neuropsicólogo, especialista que avalia as funções cognitivas do cérebro.

"Mas isso acontece na rede particular, nos convênios", tentou justificar o prefeito Elmir Chedid. Ele comparou a situação da rotatividade de médicos nos postos de saúde à mudança de prefeitos no comando da cidade. "Estou atendendo aqui hoje e amanhã não sou mais prefeito, entrou outro no meu lugar que vai fazer o atendimento e às vezes cada médico faz a determinação do remédio que tem de tomar", comparou.

Acompanhado de seus 14 secretários, além do chefe de Gabinete, Rodrigo Demattê, que leu uma por uma as reivindicações apresentadas, e do assessor especial de Gabinete, Wanderlei Lona, também secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, o prefeito recorria ao titular de cada pasta citada cobrando providências e às vezes até encenando um puxão de orelha.

Elmir e Demattê: instruções 
para os secretários 


"Minosso, a pessoa morre, né! Se está com problema sério, fazer exame só em 18 de junho, morre. Isso não pode acontecer. Veja quem está cuidando disso na secretaria e tome providência. O dinheiro nós conseguimos para pagar os exames", disse ao secretário de Saúde, Ricardo Minosso, diante da reclamação de uma moradora que passou pelo cardiologista no ano passado e cuja medicação está resultando em efeito contrário, mas que precisa de exames laboratoriais para alterar a medicação e que não sabe o que fará o novo médico que vai atendê-la, já que o profissional que iniciou o tratamento no posto de saúde pediu demissão.

O mais requisitado entre os secretários municipais, Minosso tentou explicar à mãe que precisa de neuropsicólogo que a prefeitura já disponibilizou um neuropediatra, mas que deverá ser substituído por um neurologista, que nada tem a ver com especialidade do neuropsicólogo. São especialidades diferentes que se complementam.

O secretário tentou explicar ainda que a rotatividade de médicos no posto de saúde é um problema que está fora de seu controle, porque os médicos começam a trabalhar e depois aparece uma oportunidade mais interessante em outra cidade e acabam pedindo demissão. 

Minosso  também reconheceu a demora na realização dos exames pelos laboratórios credenciados e prometeu resolver o problema a partir deste mês. O secretário explicou ainda que quando o encaminhamento do exame vem com a indicação de urgência ele é realizado no dia seguinte. "A minha saúde é uma urgência", responde a moradora. "Se o médico não especificou que era urgente no pedido, para mim ele disse que era urgente", afirmou. 

Apesar da rotatividade e da falta de médicos em alguns postos de saúde, o secretário informou que das dez unidades de saúde no município, quatro contam com dois médicos que cumprem 40 horas semanais cada, o que ,segundo ele, nunca houve em Serra Negra.

Os moradores reclamaram ainda da falta de transporte para a realização de exames em Amparo e da ameaça de suspender o atendimento pediátrico nos postos de saúde depois que o Hospital Santa Rosa de Lima passou a oferecer consultas pediátricas diariamente das 7 às 19 horas. O prefeito e o secretário negaram a suspensão do atendimento pediátrico nos postos. Minosso explicou que o hospital passou a oferecer as consultas para as crianças devido à demanda diária de 20 a 30 consultas só na instituição.

Diante de tantas reclamações contra o serviço de saúde, o prefeito argumentou que o número de atendimento na saúde tem sido recorde. No ano passado, Chedid informou que 32 mil pessoas foram atendidas nos serviços médicos. "Isso nunca houve no município. Por isso estamos investindo na saúde", afirmou, lembrando que os gastos com a prefeitura são equivalentes a 24 % do orçamento, porcentual superior aos 15% determinados pela Constituição Federal e que a quase totalidade dos recursos é proveniente da arrecadação de impostos do município e das emendas parlamentares.




 

Comentários