//CARLOS MOTTA// Sigilos, segredos e a falta de transparência



A absurda decisão do secretário municipal de Saúde, Ricardo Minosso, de manter sigiloso o Relatório Anual de Gestão de 2022, o RAG, sob o pretexto de que ele é um instrumento de gestão que deve ser apresentado apenas ao Conselho Municipal de Saúde dá o que pensar.

O argumento do secretário é risível: se o RAG precisa ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde, que é um organismo aberto ao público, é lógico que ele deixa de ser sigiloso. Tanto é assim que inúmeros municípios abrem os números do documento ao público.

O que o secretário fez, porém, não é exclusivo dele. 

A falta de transparência é uma das marcas da atual administração. 

As queixas de vereadores de que os requerimentos que fazem ao Executivo voltam com respostas incompletas ou evasivas - e às vezes nem voltam - são constantes.

A maioria dos conselhos municipais, sob controle dos representantes da prefeitura, nem sequer se dá ao trabalho de informar publicamente data e horário de suas reuniões. A participação popular é praticamente inexistente. As atas dos encontros raramente são publicadas.

Os serranos não sabem os planos da prefeitura para uma série de questões importantes: o que vai ser feito do prédio do antigo Grande Hotel? Qual o destino do Casco de Ouro? Será construído um mirante no Alto da Serra? A rua que leva ao Alto da Serra será asfaltada? Qual o destino do Parque Fonte São Luiz? A cidade terá Zona Azul? Um dia a crise do Hospital Santa Rosa de Lima terá fim?

A imprensa é ignorada, o prefeito não dá entrevistas, os secretários não falam sem sua autorização.

E por aí vai. As dúvidas são muitas e sem respostas.

Até que, de repente, não mais que de repente, a população é surpreendida com alguma notícia bombástica, tipo "vamos construir uma réplica da Fontana di Trevi!"

E ponto final, não se discute mais, manda quem pode, obedece quem tem juízo. 

Dessa forma, o tempo passa, a civilização evolui e Serra Negra continua na mesma.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra





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