//CARLOS MOTTA// O "cover" de Ray Conniff, a arte e a cultura de Serra Negra

 


Três dias depois da publicação da croniqueta "A cultura, o turista e Ray Conniff", na qual destacava, entre outras coisas, o fato de a prefeitura anunciar uma apresentação do maestro americano, falecido em 2002, na tradicional Festa das Nações, o erro foi corrigido pelo Departamento de Comunicação do Executivo. Agora o público fica sabendo que o show do dia 30 de abril será de um "cover" do músico. 

Feito o registro, vamos ao que interessa nestas mal traçadas linhas. Se formos, como se diz, descer a minúcias, há outros problemas nas artes de divulgação dos espetáculos da Festa das Nações. 

Não se sabe, por exemplo, se a "Tradicional Jazz Band" que vai tocar dia 29 é o tradicional "Traditional Jazz Band", grupo com 58 anos de sólida carreira no Brasil, conhecido internacionalmente, ou uma menos tradicional formação, talvez outro "cover". Como se vê, a troca de uma letra "t" por um "c" faz uma grande diferença.

Como os "cards" da prefeitura anunciam "músicas típicas de cada país", depreende-se que as atrações "Festa Tradicional Alemã", "Viva México", "Alma Lusíada" e "Noite Árabe" tenham como protagonistas músicos. Por que, então, eles não nominados? Quem vai tocar as músicas alemãs, mexicanas, portuguesas e árabes? 

Esses apontamentos que faço podem parecer simples implicância de um escriba já idoso. Em minha defesa, porém, devo dizer que eles revelam algo mais profundo, ou seja, o fato de que arte e cultura merecem ser mais bem tratadas pelas autoridades serranas. 

A cidade está há quase duas semanas sem diretor de Cultura. E desde sempre sem uma Secretaria de Cultura. E sem um Conselho Municipal de Cultura.

Um setor tão importante não pode servir simplesmente para organizar shows para entretenimento de turistas. 

Por fim, outro lembrete para quem fez os "cards" de divulgação da Festa das Nações: o grupo que se apresentará dia 30, às 16 horas, não se chama "Velha Arte", mas sim "Velha Arte do Samba". É de Campinas, velho conhecido dos serranos e muito bom.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra




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