//FERNANDO PESCIOTTA// Novos embates à vista



De olho na expansão do crédito, de forma a facilitar a vida da baixa renda, o governo reduziu o teto de juros que os bancos podem cobrar no crédito consignado, de 2,14% para “apenas” 1,70% ao mês. Deu ruim.

Alegando que a nova taxa não cobre a estrutura de custos, os bancos passaram a suspender a concessão do consignado a aposentados e pensionistas do INSS. O pior, e de forma a criar uma crise política, Banco do Brasil e Caixa, controlados pelo governo, aderiram ao boicote.

Não custa nada perguntar à Febraban, a federação que congrega os bancos e que lidera o movimento, qual a aplicação financeira disponível em seus filiados que paga 1,7% de juros ao mês.

A remuneração média das aplicações financeiras é de 0,5% ao mês. A taxa básica de juros, referência no mercado, está em absurdos 13,75% ao ano. Cobrar 2,14% ao mês do aposentado é agiotagem.

Esse é mais um ingrediente a alimentar o contexto no qual o presidente Lula vai avaliar a proposta de nova regra fiscal preparada pelo ministro Fernando Haddad. Rondam o Palácio do Planalto temores de que a proposta seja vista como uma negação do que foi pregado na campanha eleitoral.

Lula quer cumprir a promessa de colocar os pobres no Orçamento e acabar com a rigidez do teto de gastos sem sentido. Para tanto, sua opção é por excluir das normas os investimentos em obras públicas e as despesas sociais.

Mais uma vez, a mídia vai explorar à exaustão um “embate” entre as áreas econômica e política do governo. É aguardada para muito em breve a constatação de que se trata da “revanche” da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contra Fernando Haddad, que ganhou a disputa entre eles quando reonerou os combustíveis.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com






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