//FERNANDO PESCIOTTA// Crédito cai e municia crítica aos juros



Dados do próprio Banco Central provam que a dose cavalar dos juros, remédio amargo e cada vez mais desnecessário, está afastando pessoas físicas e empresas do crédito. Financiar a compra de bens e investimentos tornou-se proibitivo, o que justifica a grita do governo.

Conforme o BC, o estoque de crédito no sistema financeiro caiu 0,1% em fevereiro ante janeiro, quando já havia caído 0,8%. Analistas de diversas correntes concordam que duas quedas seguidas não são normais.

O que está ocorrendo no Brasil é uma desaceleração do crescimento também por causa do crédito mais difícil por ser muito caro, sinal de estrangulamento da economia como consequência dos juros altos.

A expansão do crédito acumulada em 12 meses, que chegou a 17% em meados de 2022, tem desacelerado e está em 12,6%. Essa redução é resultado da retração que vem ocorrendo mês a mês. A previsão para este ano é que o crédito acumule crescimento de 8%.

Embora porta-vozes do BC tentem justificar o injustificável, estudos de bancos privados mostram um cenário desafiador.

O Goldman Sachs, por exemplo, considera que a desaceleração do crédito é impulsionada pela menor demanda, em particular de empresas, mas também identifica um efeito na menor oferta por parte dos bancos.

Evidencia-se que o objetivo do BC é usar a política monetária para estrangular a economia.

Muitas vezes já repeti que o receituário conservador de combate à inflação não leva em consideração as muitas peculiaridades elevação de preços num país tão diverso e usa remédios nem sempre os mais adequados para o momento.

É o que tem feito o BC de Roberto Campos Neto. É impossível não fazer uma leitura política de seu comportamento

-------------------------------------------------------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




Comentários