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A nebulosa crise da Americanas tem motivado debates sobre ética empresarial, comportamento de agentes do mercado financeiro, corrupção e como a imprensa passa pano.
A Americanas tem seu controle dividido entre fundos de investimento, pessoas físicas e empresas que operam na Bolsa. Mas os principais acionistas, com 31%, são Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, os poderosos ex-donos da Brahma que criaram a Ambev e dominam o mundo da cerveja, entre outros ramos.
A crise veio à tona com o anúncio feito por seu próprio presidente, dez dias após assumir o cargo, de que renunciou ao verificar que havia “erros contábeis” bilionários no balanço da companhia. O barulhento Sergio Rial disse que a empresa tem um rombo de R$ 20 bilhões. Agora, fala-se em R$ 40 bilhões acumulados nos últimos anos.
Parece que alguém roubou, mas a mídia não expõe isso claramente. Furiosos, os investidores viram suas ações virarem pó da noite para o dia, mas reagem apenas nos bastidores. Os bancos estão ainda mais revoltados, pois a Americanas conseguiu na Justiça a suspensão de pagamentos por 30 dias. Fazem barulho prometendo uma “guerra” judicial.
Algo de podre acontece no reino do homem mais rico do Brasil, amigo de jornalistas e políticos, como Tabata Amaral. Lemann não cresceu tanto e tão rapidamente sendo bobo, o que deixa no ar a pergunta de vinte bilhões: quem ficou com o dinheiro?
Vários gestores passaram pela empresa e não viram nada? A consultoria que analisa o balanço foi omissa? O homem mais poderoso do mundo empresarial foi enganado?
O que fica claro é que a corrupção ocorre em qualquer ambiente, fruto da ação humana. É preciso acabar com a ilusão de que corrupção só ocorre na gestão pública. Tem muito empresário e executivo de empresa ladrão espalhado por aí.
E por falar em ladrão, quando o miliciano voltará ao Brasil?
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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