//POLÍTICA// Vereadores comentam as eleições. Mas omitem nome de Lula



A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial foi praticamente ignorada pelos vereadores na sessão da Câmara Municipal de Serra Negra desta quinta-feira, 3 de novembro.  

Apenas o presidente da Casa, César Augusto Borboni, o Ney, comentou o resultado da eleição, sem no entanto, mencionar o nome de Lula. Ney citou apenas o de Tarcísio de Freitas (Republicanos), eleito governador de São Paulo, com apoio no segundo turno do prefeito Elmir Chedid e seu irmão, o deputado estadual Edmir Chedid.

“As eleições acabaram no domingo e nós temos o governador do Estado e o presidente eleito do Brasil. Espero que o governador eleito, o Tarcísio, tenha muito sucesso nesses próximos quatro anos, que mantenha as obras, os convênios que estão em andamento em Serra Negra, que são muitos, e a gente sabe que ele pretende manter, então que faça uma boa gestão, monte um bom secretariado e com certeza que a gente possa ter um Estado melhor", disse Ney. "Da mesma forma, espero que o presidente eleito monte um bom ministério, faça um bom governo e que a gente consiga avançar”, acrescentou.

Ney comentou também a polaridade das eleições e o resultado na disputa à presidência da República, lembrando que o vencedor teve 50,9% dos votos e Bolsonaro foi derrotado com 49,1%, deixando a população dividida. 

O presidente da Câmara pediu paz, mas não fez nenhuma menção ao bloqueio da Avenida Ariovaldo Viana, saída para Amparo, por alguns veículos de bolsonaristas serranos, entre os quais comerciantes e empresários, inconformados com a vitória de Lula, que vai governar o país pela terceira vez. Os bloqueios estradas na região prejudicaram o movimento turístico na cidade no feriado de Finados. 

Os fechamentos de rodovias, como o realizado em Serra Negra, foram chamados de ações golpistas pela imprensa e considerados ilícitos, antidemocráticos e criminosos pelo presidente  do Supremo Tribunal Eleitoral (STE), Alexandre de Moraes, que informou que esses atos serão combatidos e os responsáveis punidos. Além de cometerem várias infrações de trânsito, os manifestantes podem  ainda serem enquadrados no Código Penal Brasileiro, que prevê punições para casos de crimes contra o Estado Democrático de Direito.

O presidente da Câmara disse também que "a cidade e a prefeitura dependem muito mais do Estado do que do governo federal", sem dar maiores explicações sobre qual é o impacto das decisões e dos recursos estaduais e federais na administração municipal.

Ney citou a importância da continuidade dos programas de desassoreamento dos lagos da cidade pelo governo do Estado de São Paulo, mas não fez nenhuma menção a programas federais por meio dos quais são repassados recursos essenciais para a saúde e educação, como se pôde constatar especialmente durante a pandemia de covid-19.

Um desses programas é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), criado em 2007 no governo Lula, que se tornou o principal instrumento de financiamento da educação básica. 

O Projeto de Lei Orçamentária (LOA), apresentado em audiência pública na Câmara Municipal na semana passada, prevê o repasse de R$ 10,8 milhões ao município em 2023. Esses recursos serão usados para cobrir integralmente a folha de pagamento dos professores da rede municipal de ensino.

O presidente da Câmara também não fez menção ao Auxílio Emergencial, que voltará a ser chamado no governo Lula de Bolsa Família, que foi fundamental para evitar que centenas de famílias serranas passassem fome durante a pandemia. 

Na primeira reunião de transição de governo, realizada na quinta-feira, 3 de novembro, o  vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) começou a discutir a elaboração de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para garantir a continuidade do programa e manter o valor do benefício em R$ 600.

O tratamento irrelevante dos vereadores à terceira eleição de Lula à presidência da República, que teve repercussão mundial, e deverá mudar o projeto político e econômico do país, reflete os acordos e interesses políticos locais e regionais que excluem Serra Negra do cenário nacional.



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