//JUSTIÇA// MP rejeita inquérito que tornou réu supervisor do IBGE agredido por bolsonaristas

As marcas da agressão sofrida por Tiago pelos bolsonaristas


A promotora de Justiça Flavia Travaglini Zulian não ficou satisfeita com o inquérito policial que indiciou o supervisor do IBGE Tiago Marcolino Pereira no dia 1º de novembro e solicitou ao juiz da 2ª Vara Criminal de Amparo que determine à Delegacia de Polícia que cuidou do caso providências complementares

Naquele dia, Tiago seguia para seu trabalho em Serra Negra, pela Rodovia Engenheiro Constância Cintra, quando, na altura do km 124, em frente à Fazenda Imigrantes, em Amparo, foi obrigado a parar seu carro por um bloqueio feito por arruaceiros bolsonaristas. 

Segundo relatou ao Viva! Serra Negra, os desordeiros, quando viram o logotipo do IBGE no seu carro, foram para cima dele, "dizendo que o IBGE era do Lula". Tiago, em seu relato, disse que tentou conversar com os bolsonaristas, mas acabou levando um soco no rosto, e quando percebeu que estava cercado, saiu do local. Foi perseguido por cerca de três quilômetros. "Já perto de Amparo vi pelo retrovisor um veículo da Guarda Civil Metropolitana, freei para pedir ajuda, e eles me cercaram novamente - estavam em quatro carros e duas motos. Com os capacetes, quebraram os vidros do meu carro e tentavam agredir nós dois [ele estava acompanhado por uma pesquisadora do IBGE]. Quando fui proteger a minha colega, quebraram o meu nariz. Os guardas tiveram de atirar para me salvar", disse.

Depois de passar por um hospital, Tiago foi à Delegacia de Polícia de Amparo para prestar queixa contra os agressores. Para sua surpresa, eles já estavam lá e foram ouvidos antes dele pelo delegado Rodrigo Caldeira Sala, que aceitou a versão dos bolsonaristas e deu ordem de prisão em flagrante a Tiago, que foi levado a Serra Negra e foi solto apenas depois da audiência de custódia. "A juíza, na audiência, disse que eu não poderia ter sido preso, pois faltavam provas para que o delegado ordenasse a minha prisão", afirmou.

Não satisfeita com o inquérito feito pelo delegado Rodrigo Caldeira Sala, que indiciou Tiago, a promotora de Justiça Flavia Travaglini Zulian solicitou ao juiz da 2ª Vara Criminal Amparo a sua devolução à Delegacia de Polícia para que se tome uma série de providências:

1. Seja juntado aos autos o laudo de exame de corpo de delito da vítima Odair José Pagan e o do investigado Tiago Marcolino Pereira;

2. Se apure se a vítima Willian Donizetti Bortoloti, que relatou ter sofrido lesões corporais, passou por atendimento médico na data dos fatos, requisitando a elaboração de exame de corpo de delito indireto, se o caso.

3. Sejam efetuadas diligências para identificar outras vítimas que tenham sofrido lesões  corporais por ocasião dos fatos;

4. Seja juntado aos autos o laudo pericial do local do crime, com a indicação de onde ocorreu o bloqueio realizado pelos manifestantes e como se deu a dinâmica dos fatos;

5. Seja juntado aos autos o laudo pericial do veículo Fiat/Uno que era conduzido pelo investigado;

6. Sejam efetuadas diligências complementares em busca de vídeos ou fotografias que tenham registrado os acontecimentos.



Comentários