//CIDADE// O Eden Place está pronto para sair da maquete. Só falta a prefeitura dar "ok"

A maquete do empreendimento mostra como ficará local depois da construção

Quem passa pela Rua Adelina Humbert de Quency ou vai para Lindoia subindo a Rua dos Italianos certamente já notou uma grande encosta gramada e cercada, como que à espera de receber homens e máquinas para levantar alguma edificação. E essa obra, um misto de um bloco comercial e três blocos residenciais, poderia já ter sido iniciada - afinal, o autor do projeto, o arquiteto e urbanista Paulo Biller, aguarda há um ano a aprovação do empreendimento pela prefeitura.


O terreno está cercado e gramado


Os trâmites para viabilizar o projeto, denominado Eden Place, no seu molde atual, se iniciaram em 2018. Biller diz que cumpriu todas as exigências do Código de Obras do município, chegando a elaborar, para atender ao Estatuto da Cidade, um Estudo de Impacto de Vizinhança. "Ele foi exigido apesar de a prefeitura não ter atendido ao estatuto, na medida em que não regulamentou sua aplicação", diz o arquiteto. 


O arquiteto Paulo Biller, autor do projeto, e a sua maquete


Como resposta, informa Biller, "os engenheiros do poder público suscitaram a necessidade de mitigação dos problemas que o empreendimento causaria no trânsito no final da Avenida Laudo Natel e Rua Capitão Antonio Eduardo Almeida e avaliaram também que a Rua Ângelo Marchi 'representa ser insuficiente' para o acréscimo de 74 automóveis ao seu irrisório fluxo atual." Outro problema apontado pelos técnicos foi que o Estudo de Impacto da Vizinhança deveria "focar na memória afetiva que a população tem sobre o local". 

Na entrevista que deu ao Viva! Serra Negra, Biller conta os detalhes do projeto, a saga que tem sido a sua tramitação, a sua importância para a cidade, e responde aos questionamentos do Poder Público. "É de cunho racional e de bom senso avaliar que um terreno com processos erosivos sobre a rua, oferecendo riscos aos transeuntes, forrado quase que totalmente por capim, bambuzal e eucaliptos, não habita na memória afetiva de nenhum habitante de Serra Negra", diz, acrescentando que "para nós, a existência de 120 vagas internas, aliada aos 200 metros de testada para estacionamento de pelo menos mais 40 automóveis no meio-fio, já significam condições mitigadoras dos problemas de trânsito e estacionamento no local".

A seguir, a íntegra da entrevista:

Viva! Serra Negra - No que consiste o projeto? 

Paulo Biller - Nosso projeto se origina a partir de um conteúdo programático adequado às condições urbanísticas, geológicas, climáticas e topográficas de um terreno de meio hectare com frente para duas ruas e considerado pelo Estatuto da Cidade como um vazio urbano. A partir de estudos realizados ao longo de vários anos estabelecemos um programa para construção de quatro blocos. Assim sendo projetamos um bloco comercial de três pavimentos com 32 lojas e 46 vagas de garagem ao longo da Rua Adelina Humbert de Quency e três blocos residenciais com 42 apartamentos de dois dormitórios, seis apartamentos com quatro dormitórios e 74 vagas de garagem com entradas pela Rua Ângelo Marchi. O programa incluiu ainda tecnologia do “edifício inteligente” e usina de energia solar com painéis fotovoltaicos e vagas de garagem com tomadas para cargas em baterias de veículos elétricos. Para o lazer incluímos no programa duas piscinas, uma área de fitness, uma churrascaria e um salão de jogos para cada bloco de apartamentos. 


Frente para a Rua Adelina Humbert de Quency

Viva! Serra Negra - Qual o custo estimado da obra?

Paulo Biller - O custo estimado da obra é de R$ 45 milhões. E já foram gastos R$ 200 mil com taxas e emolumentos para aprovação do projeto na prefeitura, R$ 100 mil com a maquete, R$ 250 mil com projetos, R$ 600 mil com obras de terraplenagem e R$ 20 mil com sondagens geológicas. O valor geral investido até o momento é de aproximadamente R$ 1,1 milhão. E ainda não temos um projeto aprovado.

Viva! Serra Negra - Quando o projeto foi iniciado? Quais etapas foram concluídas? 

Paulo Biller - Os estudos foram iniciados no ano de 2012 com um conteúdo programático diferente do atual. Na época, nossa intenção era a de construirmos um empreendimento hoteleiro do tipo “flat”. Depois de submetido à aprovação pela prefeitura o projeto parcial da primeira etapa do flat permaneceu engavetado por três anos e sua aprovação somente ocorreu em 2016. A demora acarretou uma assintonia com os investidores e assim iniciamos novos estudos a partir de 2018 e após muitas tentativas de acordos com potenciais investidores. Até o momento concluímos a etapa de projetos de prefeitura, sondagens e estudos para adoção de técnicas construtivas especialmente relativas às fundações dos blocos de apartamentos e aos muros de contenção do bloco comercial. Concluímos também a primeira e maior etapa da terraplenagem e a proteção dos taludes e bermas. Tão logo obtenhamos a aprovação e expedição do alvará de construção iremos elaborar os projetos complementares, o orçamento detalhado da obra e o cronograma físico-financeiro. 

Viva! Serra Negra - A obra vai demorar quanto tempo?

Paulo Biller - Estimamos que o tempo de construção do bloco comercial seja de aproximadamente dois anos, e como os blocos residenciais serão executados a partir de incorporação imobiliária o prazo poderá variar de dois a três anos.


Frente para a Rua Ângelo Marchi 

Viva! Serra Negra - Porque a construção não foi iniciada? 

Paulo Biller - Não iniciamos a construção porque ainda não temos um projeto aprovado. Estamos aguardando a aprovação há mais de um ano.

Viva! Serra Negra - O que o projeto traria de positivo para a cidade?

Paulo Biller - Toda obra movimenta o comércio local, com influência também na região, no Estado e até em outros Estados dos quais se importará material que não produzimos ou comercializamos. Além disso o empreendimento poderá gerar centenas de empregos diretos e indiretos durante sua execução. E, depois de construído, irá gerar uma receita, somente de IPTU, aos cofres púbicos de aproximadamente R$ 330 mil reais por ano e após dez anos, R$ 3,3 milhões.

Viva! Serra Negra - O projeto traria algum impacto sobre o trânsito da vizinhança ou da cidade?

Paulo Biller - Após termos atendido “todas” as exigências do Código de Obras nos foi exigido, para atendimento do Estatuto da Cidade, um Estudo de Impacto de Vizinhança. Foi exigido apesar de a prefeitura não ter atendido ao Estatuto, na medida em que não regulamentou sua aplicação. Pois há somente uma simples menção dele na Lei Orgânica de Serra Negra, em que os empreendimentos apresentarão o EIV, sem definir quais seriam as modalidades e portes de empreendimentos que se sujeitariam. Mesmo assim realizamos o EIV e o apresentamos ao poder público. Em sua análise os engenheiros do Poder Público suscitaram a necessidade de mitigação dos problemas que o empreendimento causaria no trânsito no final da Avenida Laudo Natel e Rua Capitão Antonio Eduardo Almeida. Avaliaram também que a Rua Ângelo Marchi “representa ser insuficiente” para o acréscimo de 74 automóveis ao seu irrisório fluxo atual. Além disso comunicaram que o EIV deveria focar na memória afetiva que a população tem sobre o local. Em nosso estudo consideramos que é de cunho racional e de bom senso avaliar que um terreno com processos erosivos sobre a rua, oferecendo riscos aos transeuntes, forrado quase que totalmente por capim, bambuzal e eucaliptos, não habita na memória afetiva de nenhum habitante de Serra Negra e muito menos no coração do cidadãos da vizinhança imediata. Para nós, a existência de 120 vagas internas, aliada aos 200 metros de testada para estacionamento de pelo menos mais 40 automóveis no meio-fio, já significam condições mitigadoras dos problemas de trânsito e estacionamento no local. Isso significa 0,7% da frota de Serra Negra. Além disso o empreendimento está no anel viário norte e a 300 metros do anel viário sul. Sua posição é muito estratégica em relação ao trânsito. Além disso a solução para os problemas de congestionamento na área central tem viés com a oferta, pelo próprio Poder Público, apoiado por uma grande parte dos próprios comerciantes ali estabelecidos, de um sistema de estacionamento inapropriado e carente de um equacionamento racional. E além disso somente um em cada 20 estabelecimentos comerciais do Centro oferecem estacionamento de veículos. Por outro lado, o EIV deveria ser publicado para que os vizinhos tomassem ciência e opinassem ou reivindicassem modificações coerentes com as leis e com as técnicas arquiteturais e urbanísticas que norteiam a matéria. Porém isso não ocorreu.




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