//CARLOS MOTTA// Constatações e considerações sobre as eleições em Serra Negra



Algumas constatações sobre o resultado das eleições em Serra Negra:

1) Bolsonaro ficou estável - 10.253 votos em 2018; 10.141 em 2022;

2) A esquerda, com Lula, conseguiu crescer 300% - 1.222 votos para Fernando Haddad em 2018; 4.911 votos para Lula em 2022;

3) Edmir Chedid, candidato a deputado estadual do grupo Chedid, aumentou sua votação - 5.228 votos em 2018; 7.573 votos em 2022;

4) O candidato a deputado estadual bolsonarista Marco Bueno obteve menos que a metade dos votos que o seu adversário Edmir Chedid - 3.133 votos;

5) O grupo Chedid conseguiu apenas 26,7% dos votos válidos para seu candidato a governador, Rodrigo Garcia, diante de 50,7% dos votos para o bolsonarista Tarcísio Freitas, e 21% para o petista Fernando Haddad.

Depois dos números, algumas considerações:

1) A esquerda teve a sua maior votação da história em Serra Negra. Mas Lula não cresceu em cima do eleitorado de Bolsonaro, e sim captou votos que em outras eleições presidenciais foram dados a candidatos da centro-direita, refletindo a polarização partidária que se verifica no país;

2) A cidade manteve seu perfil político conservador. A votação expressiva no candidato a governador bolsonarista reflete o movimento que se observa nacionalmente em direção à ultradireita, ou como preferirem, ao neofascismo;

3) O prefeito Elmir Chedid tem motivos para comemorar e para refletir, pois se por um lado obteve uma vitória com a expressiva votação ao seu irmão Edmir, reeleito, amargou resultados pífios para os seus candidatos ao governo do Estado, Rodrigo Garcia (4.135 votos) e Câmara dos Deputados, Hamilton Bernardes (2.454 votos);

4) O aumento de votos a Edmir Chedid se deu em cima dos votos a candidatos que tradicionalmente obtinham bons resultados na cidade, como Barros Munhoz, que viu sua votação minguar de 928 votos em 2018 para 65 votos em 2022;

5) Na eleição para a Câmara dos Deputados, o destaque negativo ficou com dois candidatos que disputavam a reeleição com apoio de vereadores locais. Vanderlei Macris, apoiado pelo presidente da Câmara Municipal, Cesar Borboni, obteve 292 votos, e Ricardo Izar, apoiado pelo vereador Roberto de Almeida, 1.260 votos. Os dois não se reelegeram. Já os deputados Carlos Sampaio e Marcos Pereira, que também tiveram apoio de vereadores locais, foram reeleitos.

Para o 2º turno é certo que a quase totalidade da Câmara Municipal de Serra Negra vai trabalhar para a reeleição de Bolsonaro e para a condução de Tarcísio de Freitas ao Palácio dos Bandeirantes.

Já o prefeito Elmir Chedid e seu estafe devem permanecer neutros - pelo menos publicamente. Mas no âmbito estadual, ele terá dificuldades na interlocução com o novo governador, seja ele Freitas ou Haddad. Esse papel era feito pelo seu irmão Edmir, que fez campanha pesada em prol do derrotado Rodrigo Garcia.

À esquerda local resta aumentar a votação de Lula e de Haddad em cerca de 500 a 1 mil votos no 2º turno. Se obtiver mais que isso, é zebra.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra






Comentários

  1. Como podemos aumentar a votação de Lula e Haddad em uma cidade tão bolsonarista? Quanta decepção, ver 60% da cidade sem o mínimo de consciência social.

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