//CIDADE// Para ter mais motoristas é preciso aumentar a demanda, diz dono da JT Transporte

Junior Tomaiz: “Recomendo aos meus motoristas que não parem em volta da rodoviária"



Os motoristas da JT Transportes estão cumprindo à risca as regras do Decreto Municipal nº 5.414, que regulamenta essa modalidade de transporte no município, garante o dono da empresa, Junior Tomaiz. Mas ele reconhece que há profissionais burlando a lei, em especial o artigo 17 que proíbe a permanência nas dependências internas dos terminais urbanos e rodoviários da cidade.

“Recomendo aos meus motoristas que não parem em volta da rodoviária, não fiquem aglomerando em alguns pontos da cidade, porque forma fila e também não está certo”, diz Tomaiz. Os motoristas são orientados por ele a permanecerem em pontos onde há sombra, água, café e banheiro.

“Um fica perto do Posto São Jorge, por exemplo, outro próximo ao Mercado União, onde há demanda de clientes que vão fazer compras, e outro na Laudo Natel. Quem mora no Centro fica em casa”, explica. 

Tomaiz, conhecido como JT, trabalhou oito anos como motorista de táxi em Serra Negra. Decidiu partir para o aplicativo por considerar que, além de ser uma tendência, a modalidade pode lhe proporcionar maiores ganhos. A longo prazo, ele avalia, os taxistas também vão ter de se adaptar e usar aplicativos já disponíveis para o serviço de táxi. 

JT avalia que a cidade está em fase de transição e tanto motoristas quanto passageiros ainda estão se adaptando ao serviço de transporte por aplicativo. “Vai demorar um pouco para o pessoal criar o hábito de usar o aplicativo e os motoristas têm de ter paciência, não adianta burlar o decreto”, diz.

Depois de trabalhar por alguns meses para uma empresa de aplicativo local, JT decidiu abrir a própria firma, que prefere chamar de cooperativa de motoristas. “Meu sistema é de cooperativa e temos duas formas de acionar o motorista: uma direto pelo aplicativo e outra por meio de mensagem para o WhatsApp, que mando depois para a plataforma e para o motorista”, explica.

A empresa conta por enquanto com oito motoristas e mais dois em fase de contratação. Outros cinco motoristas interessados aguardam o aumento da demanda de passageiros para serem incluídos no aplicativo. A estratégia da JT é expandir aos poucos para manter a oferta de motoristas equilibrada com a demanda de passageiros.

A empresa estabeleceu uma meta de crescimento semanal e cobra dos motoristas uma taxa por semana para usarem o aplicativo e contar com uma infraestrutura básica, que inclui o fornecimento de camisetas, água e balinhas para os passageiros, além do compartilhamento dos custos com a divulgação nas redes sociais.

“Não posso adicionar motorista sem aumento de demanda, porque os que estão trabalhando não vão conseguir renda nem para o custo da manutenção semanal do aplicativo”, explicou. JT só adiciona um novo motorista quando começa ter dificuldades para atender à demanda de passageiros.

Dois turnos

Boa parte de seu pessoal faz dupla jornada de trabalho para garantir uma renda maior no fim do mês, alternando o serviço de motorista com outro de carteira assinada. “O mercado está ruim para o trabalhador, que não consegue mais viver só com a renda de um emprego”, relata.

Apenas dois trabalhadores se dedicam de forma exclusiva ao aplicativo, os demais trabalham como recepcionista, padeiro e confeiteiro, entre outras atividades, no outro turno.

O objetivo da maioria deles é deixar o emprego fixo e se dedicar apenas ao transporte por aplicativo. O argumento é que as vagas de emprego com carteira assinada na cidade não oferecem perspectiva de aumento de renda nem nos períodos de alta temporada e de aumento de vendas do comércio, bares e restaurantes e de hóspedes nos hotéis.

“Todos querem ficar só com o aplicativo porque gostaram da forma de trabalhar em cooperativa. Aqui eles têm voz e são responsáveis pelo aplicativo”, salienta. Um deles já trocou o emprego num hotel pelo trabalho de motorista.

O principal motivador para essa troca é a possibilidade de administrar os ganhos e a carga horária. Alguns tentam extrapolar as oito horas de trabalho para elevar a renda, mas JT disse que não tem permitido isso para garantir a segurança do trabalhador e a qualidade do serviço.

 “Depois de oito ou nove horas de trabalho ficam cansados. Montei cooperativa não para sugá-los, quero que eles tenham a oportunidade de trabalho e a maioria ainda tem outro emprego”, justifica.

Novas tendências

Oferecer um serviço diferenciado para conquistar os clientes mais conservadores é a estratégia da empresa, mas JT está de olho mesmo é no público já habituado a usar aplicativo e que dá preferência a esse tipo de transporte, entre eles principalmente os clientes jovens.

“O que eu quero é o passageiro que já está chamando pelo aplicativo", destaca. Esses clientes estão em especial na noite e na madrugada. São jovens que saem para as baladas e que querem ir e voltar de forma segura.

JT já conquistou também uma clientela nova em Serra Negra, de pessoas que moram em  bairros mais afastados da área central, como Leais e Tabaranas, que vieram de outras regiões e municípios para Serra Negra trabalhar na cafeicultura e no turismo. Esse público considera os aplicativos acessíveis do ponto de vista financeiro e mais confortáveis para os compromissos do dia a dia, como ir ao supermercado e ao médico. Eles usam os aplicativos também para o lazer aos fins de semana.

Esses moradores, ele explica, não têm carros e não querem o serviço de transporte coletivo porque querem parar na porta de casa. O turismo é um segmento promissor, que tem melhorado, mas que só deverá ganhar impulso mesmo quando a retomada econômica do país e do município for mais forte e persistente. 



Comentários

  1. Amei 💞 Uber com cara de interior e com a vantagem tecnológica do viver em grandes centros urbanos que sabem que locomoção é um serviço fundamental pra o bom viver e conviver! Gratidão ao JT transporte

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