//CIDADE// Falta fiscalização no setor de transportes por aplicativo, diz dona da Jpcar

Joseane: “A cidade é turística e há espaço para mais motoristas”

A fiscalização do cumprimento do Decreto Municipal nº 5.414, que regulamenta o transporte por aplicativo no município, é o que colocaria um fim no impasse entre motoristas e empresas que atuam no setor em Serra Negra. A opinião é da proprietária da Jpcar Transporte Por Aplicativo, Joseane de Fátima Vieira Papini.

“O decreto é ótimo porque organiza todas as situações, mas falta fiscalização”, afirmou Joseane em entrevista ao Viva! Serra Negra. Ela avalia que a prefeitura não está fiscalizando e que esse serviço poderia ser realizado pela Guarda Civil Municipal. Joseane se considera prejudicada pela ausência de fiscalização porque diz que tem sido alvo de críticas, em especial de taxistas.

Ela diz desconhecer o teor das acusações. “Sou acusada de muitas coisas das quais nem sei”, afirmou. Joseane diz que jamais descumpriria um decreto que considera excelente para o setor e a categoria e que ajudou a aprovar. “Você acha que não vou cumprir um decreto que eu comemorei?”, perguntou.

A principal queixa dos concorrentes apresentada em reunião com os vereadores no início do mês de setembro foi a de que motoristas de aplicativos estavam permanecendo parados em locais proibidos, como as áreas internas da estação rodoviária e pegando motoristas em pontos próximos aos de taxistas sem utilizar a plataforma do aplicativo.

Josenane negou que isso esteja ocorrendo e garantiu que seus motoristas são orientados a não permanecer nos locais proibidos pelo decreto. Além disso, todos os motoristas estão devidamente regularizados e trabalham uniformizados. A maioria dos carros é nova e apenas dois estavam com o prazo de fabricação defasado, embora adequados à lei federal que regulamenta o transporte por aplicativo, mas em 15 dias, ela informou, todos os veículos já estavam dentro da data estabelecida.

“Dificilmente o fiscal vai pegar um motorista meu aglomerado ou estacionado em local proibido”, afirmou. “Não posso dizer que não vai acontecer nenhuma multa, porque ninguém é perfeito. Todos estamos sujeitos a uma multa, somos humanos, é normal”, ressalvou. Joseane disse que não vê motoristas aglomerados e atribui a preocupação, em especial dos taxistas, com a concorrência devido à tendência de expansão do transporte por aplicativo não só em Serra Negra, mas em todo o país.

Joseane explicou que a comprovação de que seus motoristas só pegam clientes pela plataforma de aplicativo é o cadastro que a empresa mantém com os dados de todas as pessoas que entram nos veículos monitorados pela JPcar. ‘Tenho nome completo, endereço, CPF, foto de todas as pessoas que entram no carro, incluindo quantas corridas já fizeram com a gente e quais os trajetos feitos”, salientou.

Pioneira

A JPcar foi a primeira empresa a atuar no transporte por aplicativo em Serra Negra. Ela nasceu no meio da pandemia quando algumas linhas de ônibus foram suspensas durante os períodos de afastamento social mais rigoroso e a população buscava meios de transportes mais seguros.

“O aplicativo veio em uma hora muito importante. Quase não tinha ônibus e o pessoal estava com medo de pegar coletivo”, recorda. A empresa conta atualmente com 32 motoristas, com idade média de 45 anos a 50 anos, e vários aposentados acima dessa idade.

A maioria dos motoristas trabalha apenas com o aplicativo, mas muitos ainda fazem jornada dupla, conciliando o trabalho para a JPcar com outra profissão e emprego com carteira assinada. A carga horária média de cada um é de oito a nove horas diárias. A equipe se organiza para que cada um possa fazer o horário que melhor lhe convém.

“A maioria deles, como eu, sempre foi motorista, mas tem serralheiro aposentado, costureira, pedreiro, motorista de caminhão e motorista de ambulância da prefeitura”, citou Joseane. Ela recebe 15% de cada corrida realizada. O porcentual é calculado com base nos custos de manutenção da plataforma e do suporte e monitoramento oferecido aos motoristas.

Ao contrário da avaliação de taxistas e outros motoristas, Joseane avalia que há espaço para ampliar a participação de empresas e motoristas em Serra Negra, embora a cidade seja pequena, com quase 30 mil habitantes, e pelo menos 100 profissionais regulamentados já estejam atuando no setor.

“Mesmo que tenha 100 motoristas ainda falta para atender a todos”, disse. Ela avalia que há demanda ainda não só entre os moradores, mas em especial entre turistas. “A cidade é turística e mesmo que os hotéis ainda não estejam lotados há espaço para mais motoristas”, acrescentou.

Joseane avalia que o setor funcionará bem se as empresas que estiverem atuando forem organizadas e o decreto contribuiu para isso. “Antes do decreto havia motorista particular que não é taxista, que não tinham documentos e que não garantia a responsabilidade pelo serviço”, explicou.

Qualidade x preço

Joseane não soube informar se há muita diferença nas tabelas de preços das empresas e dos taxistas. Ela garantiu, no entanto, que os clientes dão mais importância à qualidade dos serviços do que aos preços. “As pessoas nem sempre querem o menor preço. O que elas querem é confiança e qualidade”, afirmou.

Para atender às exigências dos clientes, Joseane disse que a JPcar é muito criteriosa na escolha dos motoristas. “Tenho de conhecer bem seu histórico e saber qual é o tipo de motorista que estou contratando”, explicou. Joseane diz que é fundamental a escolha de profissionais de sua confiança, porque boa parte de seus clientes é de crianças e idosos.

Com a volta às aulas, a JPcar passou a atuar em um mercado antes dominado pelas vans escolares. Joseane explicou que este segmento está carente de oferta de serviços e de profissionais. “Há só umas três vans que fazem o transporte interno de estudantes em Serra Negra”, informou. Uma criança que mora no Alto das Palmeiras e que estuda na Escola Estadual Professor Lourenço Franco, por exemplo, carece de transporte coletivo. “Não tem ônibus que faz esse trajeto, só tem transporte particular”, salientou.

Mercado em expansão

Joseane tem expectativas positivas de crescimento do setor tanto em relação ao aumento da demanda de passageiros da cidade quanto o de turistas. O serrano tem trocado o carro particular pelo transporte por aplicativo em virtude da falta de vagas de estacionamento na cidade, além do conforto e da rapidez com que chega ao destino.

Assim como para os taxistas, os idosos são os clientes mais tradicionais dos motoristas de aplicativos. Mas a demanda tem crescido em todas as faixas etárias. Muitos moradores do centro da cidade que trabalham nos hotéis localizados em áreas rurais e mais distantes também têm utilizado as empresas de aplicativos.

As pessoas que moram em regiões mais distantes do Centro utilizam a empresa para fazer compras e consultas médicas, entre outros compromissos diários. O transporte de crianças sozinhas também tem se tornado comum quando os pais estão trabalhando e não podem deixar o local de trabalho para levá-las ou buscá-las na escola.

Turismo e home office

Os turistas também têm optado pelos aplicativos para fazer passeios mais distantes. Mas Joseane explica que nesse caso, a empresa só leva e busca os clientes. O visitante que deseja realizar um turismo de experiência precisa contratar o transporte com um guia turístico.

Além de mais preparado para oferecer as informações e conduzir o turista pelo passeio, o serviço especializado em turismo de experiência garante um seguro de vida ao visitante. “O serviço de receptivo oferecido ao visitante tem seguro para a aventura”, explica. Josena informou que tem crescido a demanda de serviço para as rotas do café e parque das flores, entre outros. 

A empresa também tem atendido pessoas que trabalham em home office e que passam uma temporada em cada lugar. Muitos alugam imóveis por uma ou duas semanas pelo Airbnb, serviço online para anunciar e reservar acomodações e meios de hospedagem. "Essa é uma nova tecnologia que como o transporte por aplicativo veio para ficar", concluiu.