//FERNANDO PESCIOTTA// Vergonha como produto de exportação



Bolsonaro convidou embaixadores para verem uma apresentação sobre as “fraudes” no sistema eleitoral brasileiro.

É a primeira vez na história que um chefe de Estado reúne representantes de outras nações para falar mal de seu próprio país, o que já seria motivo para seu imediato afastamento do cargo.

Os diplomatas saíram do Palácio da Alvorada com pena dos brasileiros. Disseram que a apresentação foi tosca, com erros de tradução para o inglês e argumentos furados.

Para alcançar seu propósito, Bolsonaro não poupou mentiras. A disputa é dura, mas talvez tenha sido o episódio de maior vergonha que ele nos fez passar perante o mundo.

Trata-se de mais uma etapa na tentativa de golpe. Bolsonaro foi claro ao dizer aos embaixadores que seus países não devem reconhecer o resultado da eleição se ele não for o vitorioso.

Disse, ainda, que o Brasil só terá paz se o TSE aceitar as sugestões das Forças Armadas.

As vezes em que os militares se meteram na eleição resultaram em desastre. Em 1982, tentaram roubar a eleição para governador do Rio de Janeiro, de forma a impedir a vitória de Leonel Brizola.

O episódio ficou conhecido como caso Proconsult, empresa usada para fazer uma “contagem” paralela dos votos e fraudar o resultado. Qualquer semelhança com o que se pretende agora não é mera coincidência, o que significa também falta de criatividade.

A vergonha que Bolsonaro nos fez passar perante nações de todo o mundo está sendo criticada pela mídia, pelo presidente do TSE e até pelo presidente do Senado. Mas chama atenção o silêncio do presidente da Câmara, Arthur Lira, que se revela a cada dia mais alinhado com o golpismo bolsonarista.

É preciso estar alerta, reagir e não naturalizar esse golpismo.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



Comentários

  1. Como sempre diz e com sabedoria o Boris Casoy ,,,E uma vergonha !!!!!!

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