//FERNANDO PESCIOTTA// O que pode inibir o efeito da PEC



Temores de recessão na Europa levaram o euro à paridade com o dólar pela primeira vez em 20 anos.

Para analistas como Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, o desempenho do dólar perante outras moedas e a relação histórica desses movimentos com o comportamento do real sugerem que dificilmente o câmbio conseguirá se estabilizar abaixo de R$ 5.

Mesquita acrescenta ao jornal Valor Econômico que o Brasil costuma ser muito sensível ao contexto global, especialmente na taxa de câmbio.

Nesta terça-feira (12), o dólar estava custando R$ 5,43, o maior valor desde janeiro.

Também é histórico o efeito inflacionário do dólar, que pesa sobre preços de produtos básicos, a começar pelos combustíveis. A alta da moeda americana pode tornar inócua a aprovação da PEC eleitoreira exatamente por causa do seu peso na formação da inflação, que ainda teima em ser uma das mais elevadas do mundo.

O agravante do momento é que a possível recessão em mercados como os EUA e a Europa atinge em cheio a cotação das commodities exportadas pelo Brasil, impactando a atividade local e diminuindo a entrada de dólares, o que também força a alta da cotação – quanto menos dólar no mercado, mais caro ele fica.

A pressa e o atropelo para a aprovação da PEC eleitoreira, desrespeitando ritos e a responsabilidade fiscal, é compreensível para um candidato à reeleição com tantas dificuldades nas pesquisas de intenção de voto. Mas a mágica esperada pode redundar em fracasso se não trouxer a esperada melhora de percepção sobre a economia.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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