//FERNANDO PESCIOTTA// O milagre das emendas



A pressa em iniciar a compra de votos parece ter prevalecido ante a ampliação do eleitorado a ser comprado.

Graças ao estímulo trazido pela aceleração na liberação de emendas do orçamento secreto, o relator da PEC eleitoral, Danilo Forte, desistiu de fazer mudanças no texto, como incluir auxílio a motoristas de aplicativos.

Convencido pelas emendas e por seus pares, Forte agora quer dar velocidade à tramitação e votação da proposta, de forma a possibilitar que a compra de votos comece a ser paga em agosto ou até mesmo ainda em julho, se tudo der certo.

Com Bolsonaro, a torneira do dinheiro público não está para brincadeira. Entre orçamento secreto para comprar apoio parlamentar e furo do teto para “conquistar” eleitores, vale tudo.

Só não vale dar dinheiro para a educação e a cultura, mas nesta terça-feira (5) o Congresso derrubou o veto de Bolsonaro às leis Aldir Blanc 2 e Paulo Gustavo. Agora, a União fica obrigada a repassar R$ 6,86 bilhões por ano para Estados e municípios até 2027, a partir do ano que vem.

Com esse governo, nem as empresas se dão bem. Neste ano, as companhias abertas, com ações negociadas na B3, perderam R$ 449 bilhões de valor de mercado. Em 12 meses, a perda é de R$ 1,558 trilhão, ou 17% do PIB. Os dados são da própria Bolsa.

Ainda na terça-feira, a Bolsa caiu mais 0,32% e o dólar foi à maior cotação desde o início do ano. Diante da possibilidade de desaceleração global, as commodities, sustentação da economia brasileira, caem, ampliando os temores de investidores.

E o que faz o governo Bolsonaro nessa conjuntura ruim? Aumenta o risco fiscal para comprar votos mesmo que isso piore significativamente as finanças públicas e leve toda a economia de roldão. Como bola de neve, a piora do quadro fiscal obriga o Tesouro a pagar juros mais altos para rolar a dívida pública.

Vale tudo pela reeleição.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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