//FERNANDO PESCIOTTA// Medida eleitoreira



Enquanto acumula derrotas na Justiça e vê a inflação ampliar a miséria no País, Bolsonaro recorre a gambiarras para fazer de conta que a inflação não é sua responsabilidade.

A tentativa de forçar a queda do preço dos combustíveis é bizarra e reveladora de como seu desespero o faz cada vez mais refém do Centrão.

A cena do anúncio da proposta, com um Bolsonaro sozinho à espera dos líderes do grupo, ratifica sua fraqueza.

A ideia do Planalto é tentar enganar os governadores prometendo cobrir a redução do ICMS incidente sobre o preço dos combustíveis.

O movimento passa pela aprovação de lei no Senado que limita a cobrança do tributo com a promessa de compensar os Estados depois de aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), o que exige adesão de dois terços dos parlamentares.

Caso essa PEC seja aprovada, o governo vai torrar um dinheiro que ainda não existe, que virá da privatização da Eletrobras, para compensar os Estados.

O detalhe mais asqueroso é que toda essa parafernália valerá apenas até o fim do ano. Ou seja, se a tática for bem-sucedida, o que os técnicos duvidam, depois da eleição o inferno pode voltar.

Entre os muitos riscos está o fato de que o preço do combustível é atrelado à cotação internacional. Se os preços globais subirem ou se o câmbio se deteriorar, de nada vai adiantar essa mágica.

Mesmo que tudo dê certo, o que parece improvável, Bolsonaro terá queimado um gigantesco patrimônio público (dinheiro da venda da Eletrobras), construído com suor dos brasileiros, para segurar o preço dos combustíveis só até a eleição, com a esperança de que gastando dinheiro público vai assegurar sua reeleição.

De novo, demonstra que só pensa nele.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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