//EDUCAÇÃO// Atendimento a crianças autistas melhorou, mas ainda é insuficiente



A Prefeitura de Serra Negra realizou ao longo da semana uma série de atividades em comemoração ao 2 de Abril, Dia da Conscientização do Autismo. Embora o tema principal tenha sido o transtorno do espectro autista (TEA), a inclusão, o combate ao preconceito e em especial a divulgação de ações municipais para atender aos alunos com necessidades educacionais estiveram no centro dos debates e eventos.

Com a criação em 2021 do Centro Integrado na Escola Municipal Olga de Souza Vichi, que oferece de forma simultânea várias terapias essenciais para o desenvolvimento cognitivo e motor, o número de crianças atendidas aumentou, mas o atendimento ainda é insuficiente para cobrir toda a demanda de inclusão escolar no município.

O Centro Integrado oferece a 53 crianças terapias específicas, como psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Outras 20 crianças são atendidas por semana para avaliação e diagnóstico médico.

A psicóloga Bruna Milani Fioritti Vicente, responsável pelo Centro Integrado, informa que o número de atendimentos aumentou em relação ao ano passado, mas não sabe precisar quanto foi o aumento. 

“Como temos agora uma avaliação multidisciplinar e a avaliação médica em um único local, houve aumento da oferta de serviços, mas não sei dizer quanto aumentou”, afirmou.

Além dos alunos da rede de ensino municipal com idade de zero a sete anos, a prefeitura passou a atender os estudantes das redes de ensino estadual e privada. 

“A avaliação médica passou a ser oferecida aos alunos de todas as idades, o que beneficiou mais crianças e aumentou o nosso público”, explicou.

A prefeitura tem investido na capacitação dos profissionais para ampliar o atendimento. “Sem capacitação é impossível atender as crianças de inclusão'' explica Sônia Maria Ferreira Onori, auxiliar de professora. 

Ela diz que procura participar de todas as iniciativas de capacitação oferecidas pela prefeitura e está também cursando a faculdade de pedagogia. Os cursos da prefeitura, ela informa, são gratuitos e alguns são ministrados pelos próprios funcionários da prefeitura.

“Adoro os cursos da psicóloga Bruna. Ela nos ensina a ter um olhar diferenciado e a perceber os sinais de atraso já nos primeiros anos de vida da criança”, explicou.

Problemas

Profissionais da educação que preferiram não se identificar informaram ao Viva! Serra Negra que apesar dos avanços no atendimento no Centro Integrado, os professores têm dificuldade de cumprir o cronograma das aulas e atender de forma simultânea as crianças com dificuldade de aprendizagem.

As salas de aula da rede municipal atendem em média 23 crianças, das quais pelo menos três apresentam algum atraso ou características no comportamento e habilidades cognitivas que necessitam de avaliação médica. Mas a espera pelo atendimento para a avaliação ainda está demorando.

O prazo de diagnóstico e elaboração de laudo médico diminuiu de forma significativa, informou Bruna na abertura da passeata para a conscientização sobre o TEA realizada sábado, 9 de abril. 

“A avaliação multidisciplinar chegava a demorar cinco ou até seis anos, agora é feita em apenas três ou quatro meses”, afirmou. Mas, segundo professores e assistentes entrevistados, muitos dos pedidos de avaliação médica encaminhados à coordenação da Secretaria Municipal de Educação não estão sendo atendidos em tempo hábil.

A pandemia agravou a situação. Nem todas as crianças com sinais de atraso são necessariamente portadoras de algum transtorno de desenvolvimento global ou aprendizagem, mas necessitam de acompanhamento e avaliação médica e psicológica.

Além disso, nem todas as assistentes em salas de aulas estão capacitadas em inclusão escolar e boa parte das professoras é iniciante na carreira e sem experiência em inclusão. Além de oferecer cursos para os profissionais da educação, a prefeitura, na opinião das profissionais entrevistadas pelo Viva! Serra Negra, deveriam oferecer capacitação para os pais.

Caroline Candido, mãe de um garoto de quatro anos, presente na passeata realizada pela prefeitura, relatou que havia percebido muitos dos sinais de atraso do filho antes mesmo de a criança completar um ano, mas só o encaminhou à avaliação médica por indicação da escola. “Ele já apresentou atrasos no desenvolvimento para sentar aos seis meses”, relatou a mãe.

O apoio da prefeitura tem sido importante, ela reconhece, não só para melhorar o desenvolvimento do filho como para enfrentar o preconceito. “As pessoas e outras crianças muitas vezes se afastam do meu filho devido a algum comportamento dele e isso é falta de conscientização”, desabafou.




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