//SERRA NEGRA NA RODA// Vereadoras pedem criação de Delegacia da Mulher


 

A criação de uma Delegacia da Mulher em Serra Negra e Amparo é fundamental para o combate da violência contra a mulher na região. Muitas denúncias nem chegam a ser feitas porque as mulheres não se sentem confortáveis para registrar as queixas em delegacias comuns.

Esse foi um dos temas abordados pelas vereadoras Viviani Carraro (Avante/Serra Negra) e Silvinha Forato (PT/Amparo) no programa Serra Negra na Roda, realizado na sexta-feira, 11 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

“Muitas mulheres não denunciam os crimes”, disse a vereadora Viviani Carraro que se manifestou indignada com o crime de feminicídio registrado na semana passada em Serra Negra. “É falta de humanidade, de Deus. A pessoa que tem amor no coração não faz isso com outro ser humano. Se fosse um homem não seria exposto dessa forma”, afirmou.

“Precisamos de uma Delegacia da Mulher e a gente sabe que muitas vezes quando a mulher vai fazer uma denúncia não é recebida de forma acolhedora”, disse Silvinha. “Nessa ocasião a mulher já está em uma situação tenebrosa de exposição e humilhação e ao expor isso para o poder público muitas vezes não é bem recebida”, acrescentou.

Silvinha reconhece que já houve muito avanço em relação ao combate à violência contra a mulher e na redução dos crimes de feminicídio nos últimos anos. Mas admite que há  avanços importantes a serem realizados, em especial porque a redução da violência ocorreu entre as mulheres brancas, enquanto foi registrado aumento de casos entre as mulheres pretas.

Uma das conquistas apontadas pela vereadora é o debate público dos crimes de feminicídio e das questões inerentes às mulheres. “O que ocorreu com a Claudia se tivesse acontecido na década de 1970 talvez não estaríamos nem discutindo publicamente”, salientou, se referindo ao caso de feminicídio registrado em Serra Negra.

A carência de opções de lazer para os jovens foi outro problema salientado pelas vereadoras. Silvinha citou o decreto assinado pela Prefeitura de Amparo, na semana passada, que restringe o consumo de bebidas alcoólicas em vias públicas Ela avalia que o decreto consequentemente restringe a ocupação dos espaços públicos pelos jovens da cidade.

A justificativa do decreto para limitar a venda de bebidas alcoólicas apenas aos clientes que ocuparem mesas nos bares é que o consumo nas vias públicas provoca aglomerações, sujeira e perturbação de sossego.

"É fácil proibir o jovem de ocupar o espaço. Mas dialogar sobre essas contradições da ocupação desses espaços exige planejamento”, afirmou a vereadora. Outras medidas poderiam ser tomadas para solucionar os problemas apontados para justificar o decreto.

Silvinha explica que se há consumo de bebidas alcoólicas para menores de idade é porque falta fiscalização nos bares. Se há sujeira nas ruas é porque não há lixeiras disponíveis. Se os jovens usam as vias públicas como banheiro é porque faltam banheiros públicos. “Ao proibir o consumo de bebidas nas ruas, o prefeito proíbe que a juventude ocupe os espaços públicos na cidade”, concluiu. 

Viviani lembrou que a falta de lazer para os jovens também é um problema em Serra Negra. Disse ainda que os jovens serranos também enfrentam dificuldades para cursar o ensino superior por falta de faculdades na cidade. “Amparo ainda tem uma faculdade, Serra Negra nem isso”, comparou. Viviani explicou que o fornecimento de transporte para os alunos que estudam em outras cidades ameniza, mas não resolve o problema.

Além da ocupação dos espaços públicos, Silvinha disse que o desemprego e a dificuldade de acesso à universidade ainda são as principais demandas dos jovens em Amparo. Já os temas femininos são tratados na Câmara Municipal de Amparo com mais frequência depois que as mulheres passaram a ocupar mais cadeiras na casa.

A vereadora cita entre os temas debatidos na Câmara a violência obstétrica, a pobreza menstrual e a Lei Maria da Penha. Um projeto de autoria da vereadora que previa o ensino da Lei Maria da Penha nas escolas públicas foi aprovado por unanimidade e vetado pelo prefeito. O veto foi derrubado pela Câmara por unanimidade.

Viviani avalia que a presença feminina na Câmara de Serra Negra contribuiu para melhorar o nível de discussão no Legislativo, reduzindo as agressões verbais e até físicas entre os parlamentares. Ela lembrou que até hoje apenas 11 mulheres ocuparam o cargo de vereadora. A primeira mulher eleita foi em 1989. Nas legislaturas anteriores havia apenas uma mulher.

A ocupação de três cadeiras por mulheres na Câmara de Serra Negra permitiu a criação da Frente Parlamentar dos Direitos da Mulher para ouvir as reivindicações e atender às necessidades das cidadãs serranas.

A seguir, a íntegra do programa, produzido e transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari.





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