//FERNANDO PESCIOTTA// O Brasil perde Elifas Andreato



Quando eu era bem jovem, ficava ouvindo os discos de Chico Buarque, Elis Regina, Paulinho da Viola, Adoniran, Martinho da Vila e outros gênios da música brasileira com a emoção dividida entre o que sentia pelas canções e o impacto das mágicas capas dos discos.

Nem imaginava que um dia eu conheceria Elifas Andreato, o artista autor daquelas capas.

Além de vender disco, a capa precisava estar sintonizada com o conjunto da obra, com o que o disco representava para o cantor e compositor. E nisso Elifas também era craque.

Ele nasceu pobre e enfrentou muitos outros desafios na vida. Sonhador, idealista e cheio de vontade de fazer um Brasil melhor, se aventurou em diversos projetos culturais.

Seus sonhos e desejos o levaram a criar uma das mais interessantes publicações da história editorial brasileira, a revista “Almanaque Brasil”, que era distribuída nos voos da TAM.

Em todas as minhas viagens a trabalho me sentia na obrigação de trazer um exemplar para casa. Queria ler tudo, de cabo-a-rabo, e queria que todos ao meu redor fizessem o mesmo.

Elifas deixa centenas de trabalhos maravilhosos, mas seu maior legado é a vontade de fazer com que todo cidadão viva com dignidade, o que inclui cultura e arte, alegria e cor.

Poderia escrever muitas páginas para contar a história e realizações de Elifas, mas para não cansar o leitor, recorro à reprodução de parte do que seu irmão Elias postou nas redes sociais. Sintetiza o que foi Elifas Andreato:

"Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino. Tudo o que ele tocava com as suas mãos virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria."

-------------------------------------------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

Comentários