//ECONOMIA// Em 2019, Serra Negra se encantou com o Projeto Cariri. E depois o esqueceu

O Projeto Cariri foi apresentado a empresários serranos em outubro de 2019

As propostas sugeridas ao Viva! Serra Negra pelo presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Serra Negra (Acia), Tiago Jardim, para estimular os negócios da cidade, são semelhantes ao Projeto Cariri apresentado há quase três anos pelo Sebrae ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur) e à Prefeitura de Serra Negra.

O "case" da região do sertão da Paraíba foi exibido a empresários e autoridades de Serra Negra como um modelo de desenvolvimento baseado na integração das lideranças do poder público, entidades privadas e do terceiro setor que participavam na ocasião do Programa Líder (Liderança para o Desenvolvimento Regional).

O Programa Líder, ministrado pelo Sebrae e com duração de mais de dois anos, foi oferecido gratuitamente a servidores municipais de Serra Negra e representantes da Associação de Hotéis, Restaurantes e Similares de Serra Negra (Ashores), Associação Comércio Forte e da Associação dos Cafeicultores Certificados do Circuito das Águas Paulista (Acecap).

O lançamento do Programa Líder na região do Circuito das Águas, realizado no Palace Hotel, em outubro de 2019, contou com a presença do ex-prefeito Sidney Ferraresso e do ex-secretário de Turismo César Augusto Borboni, o Ney, atual presidente da Câmara Municipal.

Durante o evento, o facilitador do Sebrae Nacional e um dos idealizadores do Programa Líder, Cláudio Veras, destacou o potencial da região do Circuito das Águas e de Serra Negra para desenvolver turismo, indústria e comércio de forma simultânea.

“O potencial dessas cidades é enorme, não só no turismo, como na água, indústria e comércio. O desafio é fazer com que o grupo pense junto e se mantenha unido”, disse Cláudio Veras ao Viva! Serra Negra na ocasião.

O sertão virou mar

A apresentação do sucesso socioeconômico do Cariri, na ocasião, encantou a plateia formada por lideranças empresariais e autoridades serranas. O entusiasmo, porém, não se materializou em ações concretas: nada do que foi mostrado pelo pessoal do Sebrae como um exemplo de empreendedorismo capaz de mudar a realidade de uma região foi seguido em Serra Negra.

O projeto que o Sebrae propunha para Serra Negra e região transformou o Cariri em uma terra de artesãos talentosos e famosos, elevou o poder aquisitivo das rendeiras, com a organização da cadeia produtiva da renda renascença, que se tornou produto de exportação, com exposição em eventos em Nova York e na São Paulo Fashion Week.

A região também viu prosperar a caprinocultura que ajudou a transformar a Paraíba na maior produtora brasileira de leite de cabra, com produção de 5,627 milhões de litros por ano, na ocasião, resultante dos investimentos em cooperativas.

A criação de bodes e cabras, além da produção de leite, movimentou uma série de indústrias e pequenos produtores, que passaram a se dedicar à fabricação de queijos de alta qualidade. O setor de couro também desenvolveu uma tecnologia própria com uma técnica especial para tratar o couro com produtos naturais.

O turismo ganhou força com as transformações nos setores do comércio e indústria. Os hotéis, antes da pandemia, mantinham durante o ano um elevado índice de uso da capacidade instalada.

A região também é conhecida por seu polo universitário. No período de expansão do ensino público, em meados dos anos 2000, Cariri ganhou duas universidades, a Universidade Regional do Cariri e a Universidade Federal do Cariri.

“Esse projeto está fazendo com que o poder público e o privado se unam para trazer melhorias para o turismo em ações sociais e no comércio dos municípios”, disse na ocasião a cafeicultora Silvia Fontes, presidente da Acecap e atual vice-presidente do Comtur.

A transformação no sertão paraibano, segundo Silvia, era exemplo de que o desenvolvimento regional ocorre por meio de ações para melhorar a vida da população. “Foi proporcionando educação, organização e cooperativismo que Cariri se desenvolveu. Dessa forma, o que já se sabia fazer, passou a ser vendido, e as famílias passaram a ter mais recursos. Com isso o município todo ganhou”, avaliou.

Clique aqui para ler a reportagem sobre o Projeto Cariri publicada em 25 de outubro de 2019



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