//FERNANDO PESCIOTTA// Covid criada para dar lucro



Circula nas redes sociais e em grupos de WhatsApp bolsonaristas uma teoria conspiratória segundo a qual as vacinas contra a covid-19 são exclusivamente um interesse econômico do Vanguard Group.

As mensagens alegam que o Vanguard é o maior acionista da Pfizer e um dos maiores de várias outras farmacêuticas. Por isso, teria criado o vírus para poder fazer ainda mais fortuna vendendo vacinas.

Ainda conforme a conspiração, o Vanguard é o maior acionista também do Facebook, tendo acesso fácil, portanto, à construção da narrativa (palavra da moda da extrema-direita) das vacinas, usando as pessoas como “ovelhas”.

O Vanguard é um fundo de investimento com US$ 7 trilhões, o equivalente a oito vezes a arrecadação do governo brasileiro prevista para este ano.

Sua maior participação, de 6,7%, é na UnitedHealth, dona da Amil (nesse caso, perdeu dinheiro com tanta internação incentivada pelo genocida). A segunda maior, de 6,5%, é na Pfizer.

O exemplo que corre até entre grupos de esquerda é o da Nestlé, que teria feito um programa na África, décadas atrás, para que as mães trocassem o leite materno pelo leite em pó vendido pela empresa.

Bem, isso não faz do Vanguard necessariamente o autor de uma trama macabra para ganhar dinheiro. Pode até ser que lucre com a pandemia, mas o contexto é bem diferente daquele que teria sido construído pela Neslté. De fato, as vacinas salvam vidas e quem acredita na conspiração do Vanguard está superlotando as UTIs ou as funerárias.

Se o Vanguard vai faturar com isso, sorte dele. Por que Bolsonaro não incentivou a Fiocruz e o Butantan a produzirem a mesma vacina? Não precisaria dar dinheiro para o Vanguard.

Em vez disso, tudo que fez foi cortar o orçamento de pesquisas neste ano, o que vai atingir em cheio a Fiocruz. No futuro próximo, vamos dar mais dinheiro para o Vanguard por culpa exclusiva da ignorância bolsonrista. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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