//OPINIÃO// Críticas, respeito, intolerância, diversidade e o exercício do jornalismo

Salete Silva 

“Não tenha medo de pensar diferente dos outros. Tenha medo de pensar igual e descobrir que todos estão errados”.

Eça de Queiroz com essa frase tenta encorajar a diversidade de ideias, sem as quais uma sociedade fica impedida de se transformar e se desenvolver.

Uma cidade com voz única e sem pluralidade de opiniões tende à intolerância, o que leva à violência e à agressão.

Há muita coisa intolerável: a injustiça social, a desigualdade, o sofrimento alheio e a opressão.

Mas há outras coisas que inexistem sem a tolerância, entre as quais o convívio social e o debate de ideias. 

A intolerância deságua em opiniões desrespeitosas e manifestações agressivas com o único intuito de denegrir, atacar, depreciar e destruir o contraditório.

No "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes", André Comte-Sponville diz: “Chamamos de tolerância o que, se fossemos mais lúcidos, mais generosos, mais justos, deveria chamar-se respeito.”

Quem pratica a humildade vive sob a condição da razão, segundo o filósofo Spinoza. Fazer e principalmente receber críticas é um exercício de humildade que para Kant tem de ser no ponto certo para não torná-lo servil e bajulador.

O Viva! Serra Negra em quase três anos de atividades no município mantém o princípio da pluralidade de ideias. Exerce um jornalismo fiel aos fatos, ouvindo sempre os dois lados, mesmo que ideologicamente esteja mais afinado com um deles.

Procura receber com humildade as críticas da comunidade, mas, como recomenda Kant, sem tornar-se bajulador ou subserviente a algum dos segmentos. O portal levantou e noticiou ao longo de 2021 questões importantes para a cidade.

Uma delas foram as medidas de segurança sanitárias essenciais para o enfrentamento da covid-19. O tema foi pautado pelas recomendações científicas mesmo quando as reportagens e artigos contrariavam ou até batiam de frente com interesses da iniciativa privada ou dos poderes Executivo e Legislativo municipais.

O portal cedeu seu espaço aos ambientalistas e à população serrana para que se realizasse um debate mais democrático sobre o projeto do Executivo que prevê o asfaltamento da estrada do Alto da Serra.

As declarações e posicionamento de vereadores e da administração municipal foram publicadas várias vezes sobre este e outros assuntos, embora muitas vezes nem a assessoria de imprensa nem as autoridades responsáveis tenham retornado aos pedidos da reportagem.

O Viva! Serra Negra solicitou várias vezes entrevistas ao prefeito Elmir Chedid, sem sucesso, ao longo do ano. 

As iniciativas e ações de políticas públicas adotadas pelo Executivo municipal para manter a economia em funcionamento, numa das maiores, senão maior crise econômica da história, agravada pela incompetência do governo federal, foram noticiadas com exaustão ao longo do ano, muitas vezes desagradando e contrariando interesses dos setores privado e público ou os dois concomitantemente.

O Viva! Serra Negra foi o único veículo de comunicação do município que acompanhou as discussões para a renovação do Plano Diretor de Turismo da cidade e que publicou detalhadamente as principais decisões contidas nesse importante documento para o desenvolvimento de Serra Negra nos próximos três anos.

Todas as reportagens e artigos publicados pelo Viva! Serra Negra são pautados pela ética profissional e em especial pelo jornalismo independente, que se tornou o único caminho viável para a imprensa brasileira.

Como jornalista profissional há mais de 30 anos, assim como o editor Carlos Motta, estou aberta às críticas e sugestões, mas desde que apresentadas com o conceito de respeito atribuído à tolerância.

Agradecemos a todos que, incluindo com suas críticas, têm contribuído para tornar o Viva! Serra Negra não só um veículo independente, sem subserviência a algum do segmento, mas também parte de uma sociedade que tem a pretensão de manter a pluralidade de ideias. 

Que 2022 seja um ano mais generoso para todos nós.