//CULTURA// Livro sobre saga de imigrante italiano será lançado em Serra Negra

Marcos Rossi: "As novas tecnologias fizeram com que as
interações midiáticas sejam todas muito breves"


O escritor Marcos H. N. Rossi lança seu livro “A Mais Bela Travessia” no Mercado Cultural de Serra Negra, dia 21 de dezembro, às 19 horas.

Duas palestras integram a programação do evento: “Imigração Italiana em Serra Negra", com a musicista serrana Claudia Felipe da Silva, e “Imigração na Atualidade”, que será proferida pela doutora em engenharia e mestre em economia pela Unicamp Estela Lutero Tavares.

Serra Negra foi incluída no roteiro de lançamentos do escritor Marcos H. N. Rossi em especial pela grande presença de imigrantes italianos na comunidade local.  O livro conta a saga de um imigrante italiano no início dos anos 1930, marcados em São Paulo pela revolução constitucionalista.

“Decidi que deveria priorizar algum momento da história brasileira, e a imigração italiana me pareceu a opção mais interessante, por também ser um tema de interesse pessoal, e por permitir abordar vários subtemas de interesse geral”, afirmou o escritor em entrevista ao Viva! Serra Negra.

Viva! Serra Negra – Por que Serra Negra foi incluída no roteiro de lançamento do seu novo livro? Qual sua relação com a cidade?

Marcos Rossi - A escolha de Serra Negra veio pela amizade que tenho com Estela Lutero que é moradora da cidade. Pela grande presença de imigrantes italianos na comunidade local, ela entendeu que poderia ser um tema de interesse e me convidou para fazer o evento. Achei uma tremenda ideia e, juntamente à prefeitura de Serra Negra, conseguimos viabilizar.

Viva! Serra Negra - A Mais Bela Travessia conta a história de um imigrante italiano. Como nasceu o livro e quais os temas de que trata?

Marcos Rossi - Quando decidi escrever romances, escolhi o nicho dos romances históricos por ser um apaixonado pelo assunto. Este nicho faz do exercício de escrever, também uma oportunidade de fazer pesquisa e aprender. Meu trabalho anterior ("Os Caminhos do Amor em Bread & Joy") concentrou-se na Segunda Guerra Mundial, que é um tema de interesse pessoal, e consequentemente, o drama se desenvolve em um palco europeu (Inglaterra). Quando chegou o momento de desenvolver um novo trabalho, decidi que deveria priorizar algum momento da história brasileira, e a imigração italiana me pareceu a opção mais interessante, por também ser um tema de interesse pessoal, e por permitir abordar vários subtemas de interesse geral. O livro inicia abordando um momento de conflito nacional que é a revolução constitucionalista de São Paulo, onde dois oponentes, um mineiro e um paulista, se veem em uma situação inusitada, sem poder se atacar, mas também sem poder se livrar um do outro. Não tendo mais o que fazer, eles começam a conversar, e Matteo, nosso imigrante italiano, começa a narrar sua dramática saga. 

Viva! Serra Negra - Você tem pelo menos outros dois livros. Fale um pouco de cada um deles e de sua trajetória como escritor.

Marcos Rossi - Meu primeiro trabalho chama-se “Flores na Varanda”, uma metáfora sobre a necessidade de externalizar o que temos de bom e melhorar o que chamo de mundo tangível. Trata-se de uma coletânea de textos que buscam inspirar o leitor a transformar sua vida e buscar ser uma influência positiva em seu meio. O livro nasceu de um blog que eu mantinha com o mesmo nome. Depois de receber vários feedbacks positivos decidi ser mais ambicioso e escrever um romance. Escrevi então “Bread & Joy”, que foi relançado no Brasil pela Underline Publishing com o nome “Os Caminhos do Amor em Bread & Joy”. Nesse livro, busco usar vários conceitos do “Flores” em situações de vida do personagem principal. Frank é um jovem problemático que se vê envolvido em uma situação de guerra, e é forçado a passar por vários desafios pessoais. Para encontrar-se na vida e também conquistar o amor verdadeiro, ele terá que enfrentar a si mesmo e reinventar-se. As lições de vida que Frank experimenta são universais, e se aplicam a todos nos dias de hoje. O livro teve uma ótima acolhida e por isso o seu relançamento no ano passado. 

Viva! Serra Negra - O brasileiro lê pouco em comparação com outros países, qual é o maior desafio de divulgar e atrair o leitor?

Marcos Rossi - Realmente o fato de eu morar no exterior dificulta bastante o “corpo a corpo” necessário para divulgação do trabalho, que acaba ficando bastante restrito a mídias sociais e o boca a boca de amigos e leitores. Por isso mesmo, quando me foi oferecida a oportunidade de ter um contato mais próximo com a população de Serra Negra, não hesitei em aceitar o convite. Novos escritores têm sempre que lidar com a desconfiança dos leitores, que estão sempre colocando na balança onde devem investir seus recursos, e a melhor maneira de quebrar tal desconfiança é se fazer conhecer pessoalmente e passar sua mensagem num contato mais próximo.  

Viva! Serra Negra - Como incentivar a leitura nas novas gerações fortemente influenciadas e apegadas às tecnologias?

Marcos Rossi - Este é realmente um grande desafio, pois as novas tecnologias fizeram com que as interações midiáticas sejam todas muito breves, fomentando uma impaciência generalizada com atividades mais longas, como por exemplo, ler um livro. O que busco fazer é manter um drama dinâmico, com capítulos curtos, saciando assim a aspiração de uma rápida resolução de uma situação, mas já gerando interesse pelo próximo passo da história. Porém, obviamente, o mais desafiador é fazer com que o jovem leia as primeiras duas ou três páginas. É aí que vamos ganhar ou perder seu interesse. Para isso, temos que gerar histórias com temas interessantes e cativantes, e creio que a curiosidade sobre os seus antepassados imigrantes pode atingir este objetivo. 

Viva! Serra Negra - Quais são seus planos?

Marcos Rossi - Estou trabalhando em diversas frentes, buscando uma grande editora nos Estados Unidos para as versões em inglês dos meus livros, e também prospectando oportunidades de transformar minhas histórias em dramaturgia. Escrever e publicar algo novo, creio que só em 2023. 



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