//SAÚDE// Hospital Santa Rosa de Lima sofre com alta de preços de medicamentos



Juliana Gottardi e Salete Silva


Os custos dos medicamentos adquiridos pela prefeitura e dos serviços médicos do Hospital Santa Rosa de Lima aumentaram este ano entre 30% e 40% em relação ao primeiro bimestre do ano passado.

Os preços dos remédios e as despesas com folha de pagamento mantêm a tendência de alta e a expectativa do secretário municipal da Saúde, Ricardo Minosso, é de que a inflação e o aumento da demanda por serviços médicos devido à pandemia de covid-19 devem continuar pressionando os custos da área médica em 2022.

A saída, Minosso aponta, é negociar menores reajuste de preços com os fornecedores de medicamentos e equilibrar as receitas e despesas do hospital. O objetivo é evitar o desabastecimento de medicação e garantir o atendimento aos pacientes.

Em entrevista ao Viva! Serra Negra, o secretário relatou que conta também com emendas parlamentares para economizar com a manutenção e aquisição de equipamentos.

Minosso estuda ainda outras formas de financiamento e conta com a iminente chegada ao município do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para reduzir gastos com transferência de pacientes.

Com isso poderá direcionar parcela maior dos recursos destinados à saúde para o custeio das despesas correntes, ou seja, contratação de profissionais, serviços e medicação, entre outras.

“Para oferecer em 2022 o quantitativo de medicação que vou oferecer este ano teremos um aumento de despesas de 30% a 40%”, afirmou. A prefeitura faz a encomenda com prazo de entrega de quatro meses. Com os reajustes, a medicação fica mais cara e a entrega acaba sendo suspensa.

“Os fabricantes, quatro meses depois, solicitam a reclassificação do item. Os preços estão subindo e fica inviável a aquisição”, explicou o secretário. A prefeitura não tem poder de barganha para comprar em janeiro a medicação que vai utilizar no ano.

“Temos de comprar de forma gradativa. Hoje não há desabastecimento, mas não sei o que vai acontecer. Vamos abrir em novembro novo processo licitatório para comprar em 2022”, afirmou.

Hospital

O aumento dos custos no Hospital Santa Rosa de Lima manteve ritmo de alta similar ao dos preços dos medicamentos. O secretário calcula que as despesas hospitalares estão cerca de 30% acima de 2020.

O grupo de voluntários nomeado em abril de 2021 pelo prefeito Elmir Chedid para ajudar na gestão do hospital apresentou em setembro um estudo sobre a situação financeira do hospital.

O levantamento realizado pela equipe revela que as despesas do hospital no início de 2020, excluindo o efeito da pandemia, já seria superior à receita. “Hoje, a instituição já não paga as despesas com o volume de recursos disponíveis”, explicou.

Os reajustes dos preços da medicação foram os mais altos e são os que mais pressionam as despesas, que subiram em média 30%. “Mas o aumento de cerca de 30% foi aplicado desde os serviços, oxigênio, medicação e folha de pagamento”, afirmou Minosso.

O secretário não soube informar se houve correção de salários dos profissionais, médicos e enfermeiros. Mas explicou que a pandemia de covid-19 aumentou a demanda por esses profissionais e os honorários ficaram mais caros.

“A pandemia valorizou a mão de obra e quando você acha o profissional ideal, custa mais caro”, observou. A pandemia contribuiu para desequilibrar ainda mais as despesas e receitas.

A média de internação, o secretário calcula, pulou de quatro a cinco pacientes por semana a até 18 pacientes por semana no pior momento da pandemia. 

“Por isso, a prefeitura fez os aportes financeiros, porque sabia da necessidade. Tivemos dificuldade até para transferir pacientes daqui. Nos meses de junho e julho, o paciente levava dois ou três dias para conseguir uma vaga”, relatou.

Dívida antiga

A estratégia da administração do hospital é tentar equilibrar as contas atuais e negociar a dívida, estimada em torno de R$ 3 milhões, segundo levantamento preliminar realizado pelo grupo de voluntários.

A estimativa da dívida acumulada pelo hospital foi apresentada em sessão da Câmara Municipal em abril pelo vereador César Augusto Borboni, presidente da Casa e um dos integrantes do grupo voluntário.

Além da negociação com os fornecedores solicitando parcelamento e ampliação do período de carência, a expectativa do secretário é saldar a dívida com maior faturamento de consultas e atendimentos realizados por meio de convênios médicos e particulares.

A expectativa de Minosso é também de aumento do volume de doações feitas pela ONG Reviver. No período anterior à pandemia, a ONG chegou a repassar até R$ 20 mil mensais. Os repasses atuais giram em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil. “Com a crise econômica, muitos deixaram de contribuir”, afirmou o secretário.



Comentários

  1. Recentemente, a Prefeitura fez empréstimo de R$ 18 milhões, junto a Caixa Econômica Federal. Segundo o prefeito, R$ 15 milhões desse montante seriam aplicados em obras de infraestrutura, principalmente no asfaltamento de cerca de 50 ruas. Até hoje, não ficou claro de que forma o Executivo definiu as prioridades para a aplicação do referido empréstimo, apesar dos nossos vereadores terem gasto uma sessão inteira da Câmara tentando explicar não só como o município pagaria a dívida contraída, bem como os critérios que nortearam sua destinação.
    Vai daí, fica uma pergunta no ar: será que a maioria da população da cidade não preferiria que parte ou a maior parte ou o total desses R$ 18 milhões fosse aplicado na melhoria dos cuidados com a saúde dos serranos, incluindo-se, é lógico, a nossa Santa Casa?
    Claro que asfalto aparece mais e, em geral, se reverte em votos. Mas saúde e educação deveriam ser prioridades zero em qualquer administração eleita sob a promessa de CUIDAR da população da cidade.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Os comentários são bem-vindos. Não serão aceitos, porém, comentários anônimos. Todos serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência.