//OPINIÃO// Luzes natalinas, povo nas ruas


Carlos Motta


As luzes de Natal levaram boa parte da população serrana a sair de casa neste último fim de semana. O Centro da cidade estava cheio de gente, como há muito não se via. Jovens, velhos, famílias inteiras e muitas crianças passeavam pelas ruas e praças. O movimento nos bares da João Zelante era grande. A fila no túnel luminoso que leva à Casa do Papai Noel, no Paço Municipal, era ainda maior. 

Triste mesmo era ver as lojas da Coronel fechadas, como se esta fosse uma época normal, como se nada tivesse acontecido no país no último ano e meio e como se Serra Negra não fosse uma cidade que vive do turismo, que precisa desesperadamente do turista. 

O que se ouve é que dificilmente os comerciantes da Coronel vão mudar o horário de seus negócios neste fim de ano de festa natalina e de alegria pela diminuição dos casos de covid-19 em todo o país. O argumento de muitos deles é que os custos da mudança do horário não compensam o que esperam faturar. 

Mas, diz a lógica, se a decoração natalina foi feita para ser vista, apreciada e usufruída à noite, por que raios as lojas fecham antes de escurecer?

Será que os turistas terão de se adaptar ao horário das lojas - e não o contrário?

E os serranos, será que eles, que trabalham de dia, não comprariam seus presentes natalinos em sua própria cidade, se o comércio abrisse em um horário mais conveniente para eles?

Ficam as perguntas. Quem quiser que as responda.

Já quanto à possibilidade de a decoração natalina atrair uma horda de turistas para Serra Negra, é ver para crer.

O mar não está para peixe neste momento no Oceano Brasil. Traduzindo: o país está mergulhado numa crise econômica das mais sérias da sua história, o desemprego é altíssimo, o subemprego ainda maior, a renda média diminui a cada dia, a inflação sobe a cada dia.

É óbvio que as festas de fim de ano trarão mais visitantes à cidade. Mas é bom que reflitamos sobre se o esforço da prefeitura em patrocinar uma decoração natalina digna é o suficiente para, como esperam as autoridades, fazer com que este seja o Natal da recuperação econômica.

Na minha modestíssima opinião, um ponto chave para que isso ocorra foi menosprezado. Está faltando uma campanha publicitária à altura do que a prefeitura investiu no Natal oficial. 

O tal "marketing espontâneo", alardeado como o instrumento que vai atrair a multidão esperada de turistas, é necessário e desejável, mas insuficiente.

Autoridades, empresários e lideranças diversas da cidade têm de compreender, de uma vez por todas, que a era do amadorismo está definitivamente encerrada. 

Serra Negra não é o único município que joga suas fichas nas festas de fim de ano para recuperar parte das finanças perdidas na pandemia. 

Daqui para a frente a competição será ainda mais difícil. Vai lembrar a sentença chavão de que só os fortes sobreviverão. 

Os fortes e os mais inteligentes.

P.S.: Seja como for, as luzes natalinas já cumpriram parte de sua missão, que é de fazer a sofrida população serrana pelo menos se divertir, pouco que seja. Neste triste Brasil atual isso já é muito.











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