//ANÁLISE// Promoção para comprar carne

                                                                                                                          


Fernando Pesciotta


Enquanto as atenções prioritárias da mídia se voltam à Black Friday, num misto de desejo e torcida pela recuperação da economia, a inflação anda solta e a autoridade do ministro da Economia se esvai.

Nos bastidores do Congresso e nos corredores da Faria Lima prevalece a convicção de que Paulo Guedes virou item decorativo na Esplanada dos Ministérios. De posto Ipiranga foi rebaixado a rainha da Inglaterra.

Os indicadores negativos se acumulam. A entrada de investimento direto estrangeiro caiu 44% em outubro, a prévia da inflação de novembro mostra alta de 1,17%, levando o acumulado de 12 meses para pornográficos 10,73%, e o déficit em transações correntes passou a 1,66% do PIB.

Na área fiscal, ninguém mais duvida que muitos rombos estão por vir, numa situação agravada pela certeza, até no Planalto, de que o Senado dificilmente vai aprovar a PEC dos Precatórios, aquela que abre a possibilidade legal de se gastar sem cometer crimes.

Sem a PEC, o governo fica sem lastro para o Auxílio Brasil, que foi aprovado na Câmara prevendo sua expansão. Será pago eternamente e para mais gente, mesmo não se sabendo de onde virá o dinheiro.

Nessa casa da mãe Joana, a principal aposta do varejo na tal de Black Friday é na venda de carnes. Isso mesmo, o Brasil chegou a uma situação em que o desejo da população é poder comprar carne em promoção. A carne fugiu do prato do dia a dia e virou produto de festa.
 
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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