//ANÁLISE// Moro e o papel da mídia

                                                                                                                                                                                          


Fernando Pesciotta


A mídia brasileira, que de imparcial não tem nada, sempre odiou Lula e o PT, aprovou a indicação de voto no inominável em 2018 e já via Sergio Moro como queridinho, a despeito de seus malfeitos.

Muito já se falou sobre o papel criminoso desempenhado por Moro ao longo da Lava Jato. E não se trata de opinião, pois a suprema corte brasileira o julgou parcial.

Como consultor, acompanhei de perto e em detalhes a Lava Jato. Desde o início de 2015, já sabia que a operação era manca porque tinha objetivos políticos.

Hoje é fácil dizer isso, mas nos primórdios da operação a esmagadora maioria dos brasileiros preferia acreditar no massacrante noticiário favorável aos bandidos de toga e condenar Lula sem provas.

A imprensa repetia hora a hora um discurso falacioso soprado por Moro e os procuradores que hoje envergonham o Ministério Público.

Vi de perto o crime dos vazamentos de investigações que Moro dava à imprensa, de forma calculada, veículo por veículo.

Divulgou ilegalmente áudios da presidenta Dilma Rousseff, promoveu prisões espetaculosas, combinadas com a TV Globo, e, o que considero mais grave, combinou depoimentos das supostas delações premiadas.

Autoritário, manipulador e politicamente muito ambicioso, Moro deturpou o Direito brasileiro em nome de sua estratégia do vale tudo para alcançar o poder. Seu apetite ficou ainda mais óbvio quando aceitou avalizar o governo do genocida após tirar o principal concorrente do páreo de forma tão vil e inescrupulosa. “Sergio e Bolsonaro são um só”, orgulhou-se a senhora Moro.

Não fosse a complacência criminosa da mídia, sua trajetória teria desmoronado antes de ser erguida. Ao contrário disso, e comprovando que aceita crimes dependendo de quem os comete, a imprensa transforma suas páginas numa plataforma de campanha do totalmente despreparado e desqualificado infeliz.

A Conversa com Bial é o exemplo mais nítido, deu vergonha alheia.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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