//CIDADE// Movimento da Feira Noturna Cultural caiu. Culpa do chope?

 A feira antes da pandemia: barracas de chope e gastronomia garantiam lazer e bom público


O movimento da Feira Noturna Cultural de Serra Negra está cerca de 60% abaixo do período anterior à pandemia, calcula o expositor Mauro Donizetti de Sant'Anna, que há quatro anos vende balas de coco na feira.

O principal motivo da retomada lenta dos negócios da feira, segundo participantes, é a proibição da venda de chope, ainda não permitida pelos decretos municipais que restringem o funcionamento da economia devido à pandemia de covid-19, embora praticamente todas as atividades econômicas do município estejam liberadas.

Parte dos expositores deseja a retomada irrestrita da área de gastronomia, com a liberação em especial da venda de chope, que era um dos principais atrativos da feira. “As nossas vendas caíram uns 60% porque o chope atrai muita gente. Os frequentadores vão tomar o chope e são motivados a consumir outros produtos da feira. A gente perdeu muito”, lamentou Sant'Anna.

A situação econômica da feira foi apresentada aos integrantes do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) durante a reunião virtual realizada, na segunda-feira, 18 de outubro. “Nosso objetivo é solicitar o retorno do pessoal do chope. Gostaria de destacar a importância da feira para a população da cidade. Os moradores serranos aprenderam a amar a feira, que se tornou um momento de lazer após o trabalho”, afirmou o expositor.

Ele lembrou que a Feira Noturna é uma opção de lazer dos moradores da cidade. “Raramente na quinta-feira você vai encontrar um turista na nossa feira. Quando há feriado, eles aparecem”, ressalvou. Os preços acessíveis, o expositor explicou, atraem os serranos de menor renda e a boa qualidade dos produtos é um atrativo para os consumidores de maior renda.

Os hortifrutigranjeiros são os produtos mais procurados pelos consumidores, salienta Sant' Anna, mas o chope e a gastronomia atraem os clientes, que também aproveitam para desfrutar de momentos de lazer.

“Os moradores serranos aprenderam a amar a feira, que se tornou um momento de lazer após o trabalho”, afirmou. Os expositores que reivindicam a liberação da venda do chope dizem que não entendem exatamente os motivos da proibição, uma vez que as atividades econômicas na cidade estão praticamente liberadas.

Eles argumentam ainda que a venda de chope não causa transtornos nem aos expositores nem aos visitantes. “Somos testemunhas de que jamais, nenhum dia sequer, houve desavença ou desacato pelas pessoas. As famílias frequentam com crianças, havia respeito, mesmo com a bebida. Ninguém se desrespeita, era um ambiente agradável”, afirmou.

O secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra, Carlos Tavares, informou que a proibição ainda está mantida e que a administração municipal está revendo as leis que regulamentam o funcionamento de feiras e outros atrativos na cidade. Mas não explicou com detalhes por que a prefeitura não liberou ainda a venda do chope.

O diretor de Cultura de Serra Negra, Danilo Mainente, informou que como recebe reivindicações para o retorno da venda de chope, também recebe críticas. O retorno do chope, informou, divide as opiniões na cidade.

Mainente informou que o prefeito recebe pedidos para que a venda de chope não seja retomada e que há resistência inclusive por parte de comerciantes, que criticam o que classificam de concorrência desleal. “Então, o melhor é que o departamento jurídico analise. Comerciantes locais são contra a feira", disse.

O secretário de Turismo sugeriu que os expositores protocolem na prefeitura um pedido de retomada da venda do chope para ser analisada pelo Executivo. Procurado pelo Viva! Serra Negra para falar sobre o assunto, o chefe de Gabinete, Rodrigo Demattê Angelli, não deu retorno até o fechamento da reportagem.

A prefeitura compartilhou nas sua redes sociais um vídeo com depoimentos de expositores que participaram de uma reunião realizada com o prefeito Elmir Chedid (DEM) e o chefe de Gabinete para discutir o destino da Feira Noturna e Cultural e a revitalização da Praça Sesquicentenário, onde a feira é realizada.

Embora tenha divulgado depoimentos de expositores que apoiam a decisão da administração municipal, o prefeito em suas declarações não explica por que não liberou a venda de chope. Participantes da reunião, que preferiram não se identificar, informaram que a comercialização de chope na feira não será retomada porque comerciantes consideram que ela configura concorrência desleal.

Para esses expositores, o depoimento de uma expositora compartilhado nas redes sociais da prefeitura, segundo a qual o venda de chope provoca transtornos, além de prejudicar a imagem da Feira Noturna Cultural, é contraditória, porque ela diz que o consumo de cerveja não é um problema, só o de chope. 


 

Comentários

  1. "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia."

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