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Fernando Pesciotta
A situação de pobreza no Brasil tem requintes de perversão. São 14 milhões de brasileiros desempregados, outros 14 milhões em subempregos e 25 milhões buscando soluções por conta própria, recorde histórico apontado pelo IBGE.
Quase 20 milhões de brasileiros passam ao menos 24 horas sem ter o que comer por alguns dias. Mais 24,5 milhões não têm certeza de como se alimentarão no dia seguinte. Outros 74 milhões desconfiam que podem acabar passando por essa situação em algum momento.
No conjunto, são 114,5 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar. Mais da metade do País. O equivalente à população da Espanha e França juntos.
O ministro Paulo Guedes, que tem milhões de dólares preservados em paraíso fiscal e odeia pobre, disse que a comida e a energia são os culpados pela inflação no Brasil.
Segundo ele, a inflação está alta em todo o mundo. A velha tática de dividir responsabilidade sem ser transparente e honesto.
Guedes não traça comparação entre as inflações “altas” em países que fizeram a lição de casa na proteção contra a pandemia e os indecentes 10,50% do Brasil.
Para fazer de conta que está fazendo alguma coisa, Guedes anuncia a entrada em vigor do novo Bolsa Família, embora não haja nenhuma garantia de que o benefício estará em campo daqui três semanas, quando acaba o auxílio emergencial.
Além do mais, o Bolsa Família deve ser entendido como benefício à população pobre em qualquer situação macroeconômica, e não como política pública de combate à inflação.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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