//CULTURA// Cineclube exibe cinema japonês e iraniano e documentários do Brasil

Cena de "Bom Dia", filme que será exibido no dia 11 de setembro


O Cineclube Kanemo e a Casa da Cultura e Cidadania Dalmo Dallari definiram a programação dos filmes que serão exibidos em setembro nas sessões gratuitas que promovem todos os sábados, às 19 horas, na própria Casa da Cultura. Serão mostrados dois filmes brasileiros, "Brasil, País do Presente?" e "Sementes - Mulheres Pretas no Poder", e dois clássicos estrangeiros, o japonês "Bom Dia" e o iraniano "O Balão Branco". 

"Brasil, País do Presente?" (2018, 63 min), dirigido por Gustavo Westmann, abre a programação neste sábado, dia 4 de setembro. Nele, 12 entrevistados de diferentes áreas de atuação profissional debatem, de forma acessível, os avanços e retrocessos do país, passando por temas como política e corrupção, racismo e machismo, educação, violência, economia, mídia e cultura brasileiras. 

O diretor, Gustavo Westmann, é bacharel em direito pela USP e em relações internacionais pela PUC/SP e mestre em diplomacia pelo Instituto Rio Branco e em política internacional pela Luiss. Especialista em direito internacional público pela UC Berkeley e pela The Hague Academy of International Law, Gustavo atuou como consultor jurídico na área de direito ambiental e nas áreas cultural, ambiental e comercial do Itamaraty. Foi chefe do setor comercial da embaixada do Brasil na Itália e chefe do setor econômico e comercial da embaixada do Brasil na Indonésia. 

Participam do filme o economista André Perfeito, o músico e publicitário André Faria, a chef de cozinha e apresentadora de TV Bel Coelho, a roteirista e professora Iana Cossoy Paro, o diretor-geral do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, o diretor para a América Latina da Open Society Foundations, Pedro Abramovay, o fundador do portal Mobilize Brasi,l Ricky Ribeiro, o fundador da Aceleradora Orgânica, Roni Cunha Bueno, o diretor-geral do Banco do BRICS, Sergio Suchodolski, o fundador do espaço BioNatus, Thiago Castillo Salin, e a defensora pública e ativista do movimento feminista negro Vilma Reis.

No dia 11 será a vez de ser apresentada ao púbico serrano uma obra de um dos mais importantes cineastas japoneses, Yasujiro Ozu, a comédia "Bom Dia" (1959, 94 min). No filme, uma novidade vem abalar um tranquilo bairro da periferia de Tóquio: um jovem casal comprou uma TV e os garotos do bairro vão à sua casa assistir ao torneio nacional de sumô, em vez de estudar. Dois desses garotos, os irmãos Isamu e Minoru, pedem aos pais que comprem uma TV. Os pais dizem não, e em represália os dois fazem uma greve de silêncio. Recusando-se a falar com os pais e com os outros colegas do bairro, os irmãos acabam provocando uma série de situações embaraçosas. 

Yasujiro Ozu nasceu em Tóquio, em 1903. Em 1922, conseguiu emprego nos estúdios Shochiku e mais tarde dirigiu seu primeiro filme, "Espada da Penitência" (1927). Entre seus primeiros filmes mudos, destacam-se "Fui Reprovado, mas..." (1930) e "Coral de Tóquio" (1931). Durante a Segunda Guerra Mundial, foi feito prisioneiro e condenado a trabalhos forçados pelos ingleses. Voltou ao cinema e dirigiu "Pai e Filha" (1949), considerado uma obra-prima no Japão. Na segunda metade de sua filmografia, destacam-se "Também Fomos Felizes" (1951), "Viagem a Tóquio" (1953), "Flor do Equinócio" (1958) e "Ervas Flutuantes" (1959). Ozu morreu em 1963, no dia em que completava 60 anos, e deixou um legado de 53 filmes e uma obra que influenciou alguns dos mais destacados cineastas ocidentais, como o alemão Win Wenders.

"Sementes - Mulheres Pretas no Poder" (2020, 100 min), com direção de Éthel Oliveira e Júlia Mariano, será exibido no dia 18 de setembro. 

Em resposta à execução da vereadora Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os Estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres, em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Brasil, transformando o luto em luta.

No último sábado do mês, dia 25, será exibido "O Balão Branco" (1995, 85 min), um bom exemplo do novo cinema iraniano, que tem recebido importantes prêmios em festivais de todo o mundo. Com direção de Jafar Panahi, o filme conta a história de Razieh, uma garotinha de sete anos que insiste que sua mãe lhe compre um outro peixinho dourado para a celebração do ano novo iraniano. Apesar da família estar sem dinheiro, Razieh acaba conseguindo a quantia para comprar o peixinho com a ajuda de seu irmão. Só que a caminho da loja, ela perde o dinheiro duas vezes, e então os dois irmãos não medem esforços para recuperá-lo, saindo pelas ruas de Teerã.

Antes de dirigir "O Balão Branco", Jafar Panahi já tinha três curtas e um documentário média-metragem chamado "Kish", de 1991, no currículo. Mas foi a partir do longa de 1995 que ele ganhou representatividade internacional, acumulando prêmios e elogios ao redor do mundo e construindo uma filmografia sólida, de tendência realista, inspirada no neorrealismo italiano.

O roteiro do filme, baseado em uma ideia do próprio Panahi e de Parviz Shahbazi, foi escrito por Abbas Kiarostami, um dos pais do novo cinema iraniano.



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