//ANÁLISE// Crescente desigualdade

                                                                                                                                                                                                             


Fernando Pesciotta


Economistas têm alertado para o risco de o Brasil se aprofundar numa estagflação, nome técnico da conjugação de baixo crescimento com alta inflação. Números recentes reforçam o alerta.

Por um lado, projeta-se que o País terá o menor crescimento do PIB entre as maiores economias do planeta em 2022.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) trabalha com crescimento de 1,8%. Internamente, economistas têm derrubado essa previsão para menos de 1%, o que deixa o Brasil ainda mais distante de países como Turquia, Indonésia, México, Coreia do Sul e Arábia Saudita, sem falar em Índia e Rússia, além das grandes potências, como a China.

Por outro lado, a inflação avança violentamente, em especial sobre os mais pobres. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quem ganha até R$ 1.808,79 por mês tem uma inflação acumulada de 10,63% nos últimos 12 meses.

A situação perversa de um País tão desigual permite que os mais ricos, com renda superior a R$ 18.800,00 por mês, sintam o menor efeito inflacionário. Para essa faixa de renda, a alta de preços é de “apenas” 8,04%, também no acumulado em 12 meses.

Nesse sentido, caminhamos para ter em 2022 a pior situação possível, no que os técnicos chamam de tempestade perfeita. Produção econômica estagnada, inflação elevada, desemprego vigoroso, renda espremida e a diferença entre ricos e pobres cada vez mais acelerada.

Haja fake news e tentativa de golpe para desviar a atenção.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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