//ANÁLISE// O dilema de Bolsonaro

                                                                                                                                                                            


Fernando Pesciotta


Nesta terça-feira (27), Bolsonaro oficializou a nomeação do senador Ciro Nogueira para a Casa Civil. Consolida, assim, a entrega da chave do Planalto ao Centrão e enterra o que ainda poderia ter sobrado da hipocrisia da eleição de 2018, quando pregou contra a política e chamava o Centrão de ladrão.

Com Ciro Nogueira e a ida de Onyx Lorenzoni para o agora criado Ministério do Emprego (o deles), são 27 trocas nos ministérios em dois anos e meio, o que mostra um governo errático.

Em suas análises, alguns veículos da mídia concluem que o Centrão passa a ocupar o núcleo do governo substituindo a ala ideológica (os fiéis da seita) e os militares.

Bobagem. Os militares não vão deixar de se lambuzar. Assim como foi ao longo da ditadura, estarão juntos com a UDN, quer dizer Arena. Ops, Centrão.

Na verdade, Bolsonaro pregou contra a política em 2018 porque lhe era conveniente, para atrair esse gado que achava que nenhum político prestava.

Bolsonaro sempre foi da política e do Centrão. Num nível submerso, daqueles que só saem do buraco uma vez por mês, para usufruir das amebas da rachadinha. De qualquer forma, sempre esteve nos piores esquemas.

Sob a bandeira do PT, Marta Suplicy foi eleita deputada, prefeita de São Paulo e Senadora, e culminou com os ministérios do Turismo e da Cultura. Resolveu, então, mergulhar no golpismo contra Dilma Rousseff e hoje vegeta politicamente.

Para a direita, Marta continua petista. Para a esquerda, não passa de uma traidora.

É o risco que corre Bolsonaro. Para os reais fiéis da seita, não o gado manso, ele é um traidor. E para os convencionais, continua sendo um antipolítica.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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