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Fernando Pesciotta
Alavancado pelo agronegócio, o PIB cresceu 1,2% no primeiro trimestre, na comparação com o período anterior, segundo o IBGE.
A despeito dos festejos do mercado financeiro e do número de fato positivo, o PIB se revela uma dura realidade para os mais pobres e sintetiza uma política econômica (ou a falta dela) perversa.
Quando se mergulha no desempenho dos setores, constata-se que o crescimento em “V” esconde um PIB com pouco emprego. A recuperação não chega aos mais pobres.
Isso porque o setor de serviços, que responde por 32% dos empregos, ainda não voltou. A população ocupada permanece 10 pontos abaixo da situação em que estava antes da pandemia. O desemprego bate nos 15%, o desalento (quando a pessoa desiste de procurar emprego) também é recorde.
A revalorização das commodities no mercado internacional contribui para alavancar setores pouco intensivos de mão de obra e voltados ao exterior. Sem falar no acintoso aumento de 315% das exportações de madeira bruta, graças ao desmatador Ricardo Salles.
Sem poder gastar com viagens, bares e restaurantes, as classes A, B e C conseguiram poupar na pandemia. Mas os dados do IBGE expõem pouco fôlego do consumo das famílias de baixa renda.
Em síntese, o PIB revela uma economia com fôlego e com aumento da desigualdade.
Por isso o genocida comemorou: “Lamentamos as mortes, mas o Brasil está indo muito bem”.
Pesquisa da USP confirmou que a mortandade por covid-19 é maior nas periferias, atingindo domésticas, pedreiros e motoristas, categorias que foram obrigadas a manter o trabalho fora de casa na pandemia.
Conclui-se que a lógica de Bolsonaro é simples: podemos morrer à vontade, desde que os ricos fiquem mais ricos, porque os pobres que não morrerem ficarão mais pobres.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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