//CIDADE// Áreas rurais são esquecidas pelas autoridades, dizem lideranças comunitárias

 


Os bairros da Ramalhada e dos Leais, afastados do centro da cidade, recebem pouca atenção das autoridades municipais e sofrem com problemas básicos de infraestrutura com a falta de asfalto, energia elétrica, além de posto de saúde e lazer para as crianças e jovens.

Menos carente de serviços essenciais, como escolas e unidades básicas de saúde, e com infraestrutura adequada, o Loteamento São Luiz, no Bairro dos Francos, carece de maior atenção das autoridades para seu principal atrativo: o Parque Fonte São Luiz, que passou por uma reforma no ano passado, mas que já se encontra em situação de abandono e deterioração.

Os problemas dos bairros Ramalhada, Leais e do São Luiz foram debatidos no Serra Negra na Roda, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, transmitido nesta sexta-feira, 29 de maio.

“Esse desleixo das autoridades em relação aos bairros rurais é uma questão eleitoral”, afirmou o professor de filosofia e história André Canhassi, morador há 29 anos do Bairro dos Leais. 

“As administrações se preocupam mais com o Centro do que com as periferias, como podemos chamar, porque as benfeitorias nos bairros distantes não aparecem enquanto que na cidade até os turistas podem ver”, avaliou André. O bairro carece hoje de uma rotatória para reduzir os riscos de acidentes na pista. 

As melhorias nos serviços e infraestrutura do São Luiz foram conquistadas há cerca de 15 anos com muita luta e mobilização dos moradores, lembrou Marcos Mielli, o Prancha, ativista ambiental e cultural da cidade, morador há 30 anos do local.

“O São Luiz é um bairro sem problemas. Toda a infraestrutura, como asfalto, água, iluminação e posto de saúde, conseguimos há uns 15 anos”, recorda. O problema do loteamento, ele aponta, é a falta de um projeto para melhor aproveitamento do Parque São Luiz pelos moradores e pelos turistas.

“O parque tem as primeiras nascentes, que estão sendo abandonadas dentro de um projeto que não tem visão do que é o turismo, que hoje é mais voltado para os negócios, sem uma compreensão do que realmente é o turismo”, afirmou Mielli.

Ele avalia que as autoridades e os responsáveis pelo desenvolvimento de políticas voltadas para o turismo precisam perceber a verdadeira vocação turística da cidade. "Temos trabalhado para que a cultura e o meio ambiente recebam maior atenção”, afirmou.

O bairro mais castigado pela negligência das autoridades, no entanto, é o da Ramalhada, segundo relato do produtor rural e pedreiro Onivaldo Aparecido Ramalho, morador há 52 anos no bairro.

“O bairro aqui tem sido esquecido todos esses anos. Precisamos de asfalto, posto de saúde, energia elétrica, além de lazer para as crianças e jovens”, afirmou Ramalho. O morador relata que há cerca de 10 anos vem lutando para melhorar as condições de infraestrutura do local, sem sucesso.

“O bairro da Ramalhada é o pior bairro, falta tudo, o prefeito esqueceu de nós”, lamentou. Segundo ele, políticos só aparecem na Ramalhada em época de eleição para pedir votos. O morador diz que a situação só não é pior porque há cinco hotéis e pousadas no bairro.

Até a situação da pandemia  é mais grave na Ramalhada. Ramalho calcula que boa parte dos 500 moradores já foi infectada pelo Ccvid-19. “Meus parentes todos se contaminaram e uma prima veio a óbito, com 36 anos”, lamentou.

Assista a seguir à íntegra do programa:



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