//ANÁLISE// O comprometimento que define caminhos

                                                                                                                                                                    

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


O depoimento do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, na CPI da Covid é o mais embasado tecnicamente até aqui e compromete Bolsonaro, de quem se diz amigo.

Torres negou a versão de Bolsonaro sobre um protocolo para uso de cloroquina, criticou seu comportamento, pediu à população para não seguir os conselhos do presidente e confirmou a reunião no Planalto para discutir mudança na bula da cloroquina.

Contou que na reunião estavam o então ministro Luiz Henrique Mandetta, Braga Netto e a médica Nise Yamaguchi, defensora da droga e conselheira do genocida.

O elogiado depoimento de Torres chamou a atenção. O Valor Econômico ressalta a importância de mandatos independentes para os dirigentes de agências que devem servir ao Estado, e não ao governo.

Depois de avaliarem como constrangedoras as falas do diretor da Anvisa, assessores do Planalto estão apreensivos com o depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que deve ocorrer nesta quarta-feira (12).

Em recente entrevista, o ex-secretário acusou o governo pela demora na compra de vacinas contra a covid-19. Além de apontar incompetência, insinuou uma decisão estratégica de priorizar a cloroquina.

De fato, os depoimentos já prestados na CPI confirmam essa lógica sem nenhuma lógica do governo (?), de priorizar a compra de cloroquina. Ratifica que Bolsonaro apostou na imunidade de rebanho sem vacina, o que significa deixar morrer para acabar com a pandemia.

Acuado pelas constatações da CPI e pelas evidências que são deixadas pelo caminho, Bolsonaro se entrega a pessoas de bem. Ontem, nomeou Carlos Henrique Menezes Sobral como assessor especial do ministro Marcelo Queiroga, da Saúde.

Sobral já foi assessor de Eduardo Cunha e chefe de gabinete de Geddel Vieira Lima quando era ministro de Michel Temer.

Para refrescar a memória: Geddel é aquele flagrado com R$ 51 milhões em dinheiro vivo no seu apartamento em Salvador. Esses R$ 51 milhões comprariam ao menos 120 tríplex atribuídos a Lula.

Mais recentemente, Sobral trabalhou com Omar Terra, então ministro da Cidadania de Bolsonaro e dono da tese de que a pandemia não mataria mais do que meia dúzia de pessoas.

Estamos em boas mãos.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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