//ANÁLISE// Genocida, sem protocolo e argumento, compra apoio

                                                                                                                                 


Fernando Pesciotta


No início da pandemia, o ministro Paulo Guedes abraçava o discurso negacionista de Jair Bolsonaro, para quem a “gripezinha” mataria menos do que a dengue. Guedes disse que estava liberando R$ 5 bilhões para a saúde e isso resolveria a crise.

Um ano depois, os números mostram o quanto o ministro e o capitão cloroquina estão fora da realidade. O País caminha rapidamente para 300 mil mortos e já gastou mais de R$ 620 bilhões com a pandemia.

Nesta quarta-feira (17), Guedes lembrou a liberação dos R$ 5 bilhões para acusar o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pelo atraso na vacinação.

“A vacina não está atrasada só agora. É desde aquela época que deveríamos estar comprando vacina, o dinheiro estava lá", disse.

Guedes é “mentiroso e desonesto, está criando uma narrativa mentirosa para esconder sua própria incompetência, dele e do governo do qual faz parte”, respondeu Mandetta.

O ex-ministro lembra que naquela época nem existiam vacinas disponíveis, os testes não estavam feitos, e o dinheiro foi utilizado para a compra de 15 mil leitos de CTI e equipamentos de proteção “que o governo não usou e deixou vencer”.

A desorientação de Bolsonaro se atualiza diariamente. Enquanto o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falava em “distanciamento”, mesmo sem nunca ter mencionado lockdown, Bolsonaro dizia para o gado que estava feliz com as manifestações do final de semana contra o isolamento social.

Para se ter uma ideia da gestão da saúde pública, só agora o governo (?) cogita unificar os procedimentos médicos em pacientes com Covid-19. Um ano de pandemia e o Brasil ainda não tem um protocolo de atendimento.

Em vez da atenção à saúde, o capitão cloroquina manobra para dar perdão fiscal de R$ 1,6 bilhão às igrejas, numa vergonhosa compra de apoio com dinheiro público.

Não é de se estranhar, portanto, que tenha tanta gente chamando Bolsonaro de “genocida”.  A resposta dessa gente é chamar o adversário de “vagabundo”. Fica clara a falta de argumento.

Bezerro


Uberlândia, administrada por um aliado de Bolsonaro, resume a forma como o Brasil vai levando a pandemia, descreve a revista Piauí.

O prefeito distribuiu cloroquina de graça, preconizou o tratamento precoce e hoje a cidade tem uma explosão de casos e mortes.

Foram 27 óbitos em dezembro, 76 em janeiro, 257 em fevereiro e 284 em 12 dias de março.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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