//ANÁLISE// Culpado

                                                                                                                                        


Fernando Pesciotta


Neste final de semana, a Folha publicou artigo assinado por dois professores da FGV de São Paulo tentando contemporizar a culpa de Bolsonaro pela falta de vacina contra o covid-19.

A autora se diz professora, mas não informa de que disciplina. O autor se intitula professor de direito e membro de comitê do Hospital Sírio-Libanês.

O texto administra números relativos à vacinação para alegar que o buraco é muito mais amplo e que Bolsonaro não é o único culpado.

É preciso tomar muito cuidado ao dizer essas coisas sobre Bolsonaro. Primeiro, que ele deturpa tudo e vai usar as afirmações a seu favor. Segundo, o fato de não ser o único não lhe tira o título de maior responsável. Afinal, ele foi eleito para ser o líder, na alegria e na tristeza.

Se há erro, a culpa é dele. A começar por nomear um bando de incompetentes para cargos importantes, e o resultado está aí.

O desapego de Bolsonaro com o conhecimento é revelador de um homem frustrado. Não deu certo em nada que tentou fazer na vida. Com exceção da milícia, tudo o mais foi um gigantesco fracasso.

Bolsonaro preza a mediocridade. Em sua equipe ministerial não há nenhum currículo acadêmico reluzente. Espremendo todos os ministros, talvez se salve um ou outro mestrado.

Circula nas redes sociais vídeo de reunião ministerial aberta por uma oração, do ministro da Educação.


Enquanto isso, programas de aperfeiçoamento foram eliminados, o Enem corre risco e o Fundeb não tem garantias. A pasta é um desastre e não há reza que a ajude com tamanha incompetência.

O genocida cansou de fazer declarações contrárias à ciência. Detonou o fígado de milhares de brasileiros com a insistência no uso de cloroquina e outros curandeirismos.

Bolsonaro recusou a oferta de milhões de vacinas em agosto. Fez a apologia mentirosa de sequelas provocadas pelo imunizante, ironizou a origem chinesa.

Segundo o Estadão, os maiores empresários do País acordaram para a necessidade de tutelar Bolsonaro ou tirá-lo do cargo. A manobra está sendo articulada com os presidentes da Câmara e do Senado.

Pois esses empresários são tão culpados por nossa mazela quanto o genocida. Afinal, se acham que podem tirá-lo agora, por que esperaram o genocídio, após Bolsonaro ter cometido tantos outros crimes?

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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