//TURISMO// Secretário destaca poder de compra de pessoas com deficiência



Salete Silva


Serra Negra conta com cerca de 400 consumidores cadeirantes. No Brasil, são 44 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. Se forem incluídos nesse grupo os obesos mórbidos, as mulheres grávidas, portadores de nanismo e as pessoas temporariamente com deficiência, são 72 milhões de consumidores.

Os cálculos são do secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra, Carlos Tavares. “E tem gente que joga esse mercado fora”, comentou em reunião do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), realizada na semana passada, 18 de fevereiro.

O secretário lembra que essas pessoas não viajam sozinhas. Estão em geral com mais um ou dois acompanhantes. “Se multiplicar esses 72 milhões por 2, serão 142 milhões de pessoas”, calcula.

Tavares avalia que os empresários serranos têm de ter olhar mercadológico para esse mercado e adaptar seus negócios às necessidades especiais desses consumidores, como rampas, elevadores nos estabelecimentos comerciais, sanitários adaptados e acessíveis, sinalizações e até cardápio em braile.

Além da oportunidade de negócio, a falta de acessibilidade pode resultar em multa e prejuízo. “Se entrar em restaurante que não tem acesso, não tem cardápio em braile, não tem acesso no banheiro, não tem mesa para cadeira de rodas, a multa é R$ 50 mil e não tem advogado que defenda, porque é lei” afirmou.

A acessibilidade foi um exemplo de prioridades de municípios turísticos citado pelo secretário, que apresentou ao Comtur os principais itens avaliados pelo Ministério do Turismo e pela Organização Mundial de Turismo para classificar um destino como indutor ou referência de turismo.

“O processo de qualificação é complexo e se baseia em uma fórmula de pontuação desenvolvida pela Fundação Getulio Vargas”, explicou o secretário. Ele ressaltou ainda outros pontos fundamentais para a excelência de um município em turismo.

Um deles é a oferta de serviço hospitalar de qualidade e com infraestrutura para eventos grandes e que podem demandar atendimento de emergência, como o Megacycle, um dos maiores encontros de motociclistas do país. O secretário citou ainda o sinal de internet e de celular.

Tavares destacou também a importância da adequação do município aos critérios de sustentabilidade para atender a lei estadual 1.261/2015. O governo do Estado de São Paulo criou uma plataforma para armazenar informações e dados dos municípios que serão listados em um ranking estadual.

“Vai existir um ranking semelhante ao dos campeonatos de futebol. As três piores cidades do ranking caem para a segunda divisão”, explicou. Os três municípios melhores classificados são promovidos à estância turística.

O sistema de ranking define os recursos repassados pelo Estado aos municípios para investimento em infraestrutura turística. Os municípios considerados de interesse turístico recebem do governo do Estado cerca de R$ 500 mil anuais. Para as estâncias, o Estado chega a repassar mais de R$ 3,5 milhões por ano.

O secretário avalia que a criação desse ranking tende a acirrar a concorrência entre os municípios com potencial para o turismo. O Estado de São Paulo conta atualmente com 70 estâncias turísticas e 140 municípios de interesse turístico. A expectativa é que pelo menos mais 25 municípios passem a ser considerados de interesse turístico.

Com a inclusão desses novos municípios, o secretário prevê a concorrência de Serra Negra com municípios da região com grande potencial turístico e que têm investido fortemente nessa área nos últimos anos, como Itapira e Pedreira, além de outros com características semelhantes, como Barretos. “São cidades que estão batalhando e querem chegar a estância”, conclui. 

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