//EDUCAÇÃO// Pandemia expôs realidades diferentes em Serra Negra, dizem professoras



O momento é de encontrar soluções criativas para enfrentar a desigualdade social e de oportunidades na educação, evidenciadas pela pandemia. O Estado tem de adotar medidas que contemplem as diferenças enfrentadas por alunos de escolas públicas e da rede privada no retorno às aulas.

Essa é uma das constatações dos participantes do Serra Negra na Roda desta quarta-feira, 3 de fevereiro, que debateu a volta às aulas. Participaram da discussão a professora de história da escola estadual Amélia Massaro, Érica Pilom Campos, e a professora bilíngue do ensino fundamental I e II do Colégio Libere Vivere e do Colégio Villa Lobos, Daniela Moutran Diab.

As escolas públicas e privadas de Serra Negra começaram a retornar às aulas esta semana, mas as condições oferecidas pelas instituições de ensino públicas e privadas são completamente diferentes, relatam as professoras.

Embora os alunos na Fase Laranja não sejam obrigados a voltar às aulas, boa parte dos pais, segundo o relato das professoras, tanto os da rede privada como do ensino público demonstrou desejo de enviar os filhos à escola. “Mas na rede pública não temos total segurança para oferecer aos alunos, nem o respaldo do Estado”, lamentou Érica.

As aulas particulares também tiveram início e já funcionam no sistema híbrido, rodízio entre aulas remotas e presenciais. Os protocolos de segurança estão sendo aplicados.

No Colégio Libere Vivere, por exemplo, cada vez que uma criança usa o banheiro é feita uma limpeza nele. Além do distanciamento, cada criança vai usar sempre a mesma cadeira e além da máscara, professores e alunos usam o "face shield", o escudo facial.

“A realidade é outra na escola pública. O protocolo enviado pelo Estado é uma farsa, é impossível aplicá-lo, falta funcionário. Na minha escola só tem uma funcionária para limpar toda a escola, é impossível limpar o banheiro cada vez que uma criança usá-lo. O pátio é um espaço pequeno. A orientação é a mesma, mas impossível de cumprir”, afirma Erica.

A pandemia é uma oportunidade, concluíram os debatedores, de realizar uma reflexão sobre essa desigualdade e para que não só o Estado inove nas políticas públicas como professores das redes públicas e privadas busquem soluções conjuntas para os problemas na educação.

“Tem de haver um novo formato. Por que todo mundo tem de sentar numa cadeira em frente a uma lousa? A aula não pode ser ao ar livre?”, questiona a professora Daniela.

É oportunidade, Daniela aponta, para os educadores da rede privada usarem a criatividade também para trazer as crianças das comunidades com maiores dificuldades financeiras para acessar a tecnologia.

“A escola particular, que é privilegiada, pode contribuir muito com a escola pública. Essa troca entre a escola particular e pública não existe, mas precisa começar a existir para descobrirmos novas maneiras de ensino”, afirmou Daniela.

A professora Érica, lembrou, no entanto, que ao decidir pelas aulas presenciais o Estado desconsidera as desigualdades entre as redes de ensino privada e pública.

A decisão de retomar as aulas, Érica avalia, é uma demonstração de que o Estado não só desconsidera as desigualdades como sequer se baseia em recomendações e informações científicas.

“É um momento de a gente pensar, na escola, na parte científica, inovando com as ações e você vê que o Estado está ignorando as ciências com essa volta às aulas”, diz. “Não existem condições sanitárias para retornar às aulas nas escolas públicas”, afirmou.

O prefeito Elmir Chedid (DEM), segundo Érica, deveria ter decidido pela manutenção das aulas remotas nas instituições estaduais, como foi feito em Amparo. As professoras sugeriram ainda que o prefeito reveja o cronograma de vacinação e inclua os professores nos grupos prioritários. 

Assista abaixo à íntegra do programa:




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