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Fernando Pesciotta
O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, retirou o sigilo das conversas entre procuradores da Lava Jato e Sergio Moro. O conteúdo de novos diálogos, incluído no processo pela defesa do ex-presidente Lula, é assustadoramente revelador de como Moro, a Polícia Federal, Deltan Dallagnol e toda a sua gangue prostituíram o Estado de Direito e a Justiça.
Das 50 páginas liberadas, parte é inédita. As mensagens deixam claro, por exemplo, que Moro orientou os procuradores na denúncia do caso do tríplex do Guarujá. Em vez de julgador, Moro foi orientador da denúncia. E Dallagnoll era apenas um idiota, como um bobo da corte.
Na verdade, para quem acompanha esses processos desde o começo, nada é novidade, mas ler os diálogos, constatar a crueza da realidade, bate no estômago, atinge a alma. Como puderam se rebaixar tanto para tirar da frente uma força política? Fizeram contra Lula, mas abriram espaço que o mesmo seja feito contra qualquer um de nós. A defesa do Estado de Direito é a defesa da cidadania e dos direitos individuais.
É estarrecedor ver a promotoria pública federal se juntar ao juiz federal do caso para acertar detalhes de como e quando a força policial federal agiria. Uma ação de marketing para dar maior visibilidade à profundeza das ilegalidades que eles cometiam. Riam de todos nós, os bobões que aplaudíamos suas arbitrariedades.
Eles nos usaram. Além de terem ficado ricos, pavimentaram o caminho para se consolidarem no poder político.
A consequência de todos os crimes que cometeram é a instalação de um regime de extrema-direita, obscuro, negacionista, medieval, odioso e genocida, do qual o senhor Moro foi parte integrante.
Moro foi obrigado a desembarcar ao perceber que estava aliado a um miliciano, e não teve peito para enfrentá-lo. Descobriu tardiamente que uma coisa é agir desonestamente contra alguém civilizado, outra bem diferente é bater de frente com gente que tem ainda menos escrúpulos do que ele. Bolsonaro gritou e Moro saiu correndo com um cão assustado.
Caso haja entendimento do STF de que Moro estava comprometido com a Procuradoria, as sentenças proferidas por ele poderão ser anuladas.
Quando se junta a confirmação de tudo que se diz há sete anos sobre esse processo indecente com o que ele provocou na sociedade brasileira, o maior desejo é colocar essa gente na cadeia, levando junto os brasileiros que fecharam os olhos para a arbitrariedade em nome de uma suposta motivação política.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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